Primeira gota comercial de SAF brasileiro será de coprocessado da Petrobras 

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 Eixos 

A Petrobras espera colocar no mercado brasileiro o seu combustível sustentável de aviação (SAF) coprocessado ainda no primeiro semestre de 2025, informou a companhia em nota enviada à agência eixos.

Este SAF será produzido por meio do coprocessamento com 1,2% de óleos vegetais em refinarias como Reduc, Regap e Replan, onde testes em escala industrial já foram realizados com autorização da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A empresa também planeja testes na Revap.

Já a Replan está sendo preparada, até o final de 2026, para produção com maiores teores de conteúdo renovável.

Check-in no Corsia

“O combustível de aviação coprocessado já antecipa o Corsia em pelo menos um ano”, disse a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, à jornalistas no final de março.

O SAF coprocessado é uma das 11 rotas aprovadas pela ASTM e reconhecidas pela Organização da Aviação Civil Internacional (Icao) para a produção de combustível de aviação sustentável, sendo apto para contribuir nas metas de descarbonização do transporte aéreo, estipuladas no Corsia.

Lembrando que na fase voluntária do Corsia (2021-2026), as companhias aéreas brasileiras devem apenas monitorar e reportar suas emissões, sem obrigação de compensá-las.

Após 2027, entra a fase obrigatória, em que o saldo de emissões superior a 2020 deverá ser compensado pela compra de créditos de carbono ou do uso de SAF.

Já para as metas dos voos domésticos, previstas no Combustível do Futuro, a companhia ressalta que existem algumas questões regulatórias, que já estão em discussão no programa Conexão SAF.

Enquanto as refinarias para produção de SAF 100% renovável não saem do papel, a Petrobras acredita que o coprocessado “é suficiente para atendimento dos mandatos de descarbonização nos anos iniciais”. Há pressa para atender aos primeiros clientes.

O projeto da Acelen, de produção de SAF a partir da macaúba, ainda está em fase inicial, com a primeira extração de óleo em fluxo contínuo em escala industrial de macaúba feita em fevereiro. A ideia é produzir 1 bilhão de litros de SAF e diesel verde só a partir de 2027.

A Brasil BioFuels (BBF), envolvida em denúncias de violação de direitos humanos, pretendia produzir SAF a partir de óleo de palma ainda no primeiro trimestre de 2025, com contrato de comercialização exclusiva com a Vibra – até agora, nada.

Coube à Vibra importar 550 mil litros de SAF, que partiram da Antuérpia, na Bélgica, rumo ao aeroporto internacional do Rio de Janeiro.

Mais rápido e menos custoso

A descarbonização do transporte aéreo na América Latina e Caribe deve custar US$ 318 bilhões entre 2020 e 2050, ou cerca de US$ 10,2 bilhões por ano, segundo relatório da Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta).

Além disso, o documento da Alta (.pdf) recomendou, recentemente, a inclusão de matérias-primas e metodologias regionais em esquemas internacionais – uma agenda que o Brasil abraçou ao longo da presidência do G20, em 2024, na tentativa de superar barreiras à sua biomassa.

Estrategicamente, a Petrobras optou pelo SAF coprocessado por entender “que essa é a rota mais rápida de implantação e de menor investimento para o atendimento das metas do Corsia e da Lei do Combustível do Futuro nos anos iniciais”.

“Visto que utilizaremos unidades já existentes em nosso parque de refino”, afirma a Petrobras.

Voos mais altos

Contudo, a companhia também alçará voos mais altos com a implantação de unidades dedicadas para produção de maiores volumes de SAF para atendimento da demanda nos anos subsequentes, “tanto para a aviação doméstica quanto para a internacional”.

Para suprir a crescente necessidade futura, a Petrobras planeja implantar unidades dedicadas à produção de SAF, com previsão de operação a partir de 2029.

Essas unidades incluem a Unidade HEFA RPBC em Cubatão/SP, a Unidade HEFA Boaventura em Itaboraí/RJ, com potencial para suprir 34 mil barris/dia de SAF, produzido a partir de óleos vegetais. E a Unidade ATJ Replan em Paulínia/SP, onde vai utilizar a rota alcohol-to-jet, com SAF a partir do etanol.

A empresa também está explorando outras rotas de produção de SAF, como o Fischer-Tropsch, por meio de seu Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes), alinhado ao seu Programa Biorefino, que pode incluir a utilização de biometano e hidrogênio verde.

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Curtas

Mais óleo e gás… O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), criticou a pressão estrangeira contra a abertura de novas fronteiras exploratórias para o petróleo e gás no Brasil. “É um crime de lesa pátria contra os brasileiros não avançarmos nas pesquisas de potencialidades em todas as áreas energéticas e eu gostaria de destacar a Margem Equatorial“, pontuou durante abertura da gas week, nesta terça (8/4)

… e GNL para frota marítima no Brasil. O CEO da Edge, Demétrio Magalhães, afirmou ao estúdio eixos na gas week, nesta terça (8/4), que a comercializadora está de olho na demanda de 150 rotas para o Brasil com navios movidos a GNL, que hoje não têm alternativa de abastecimento aqui na região.

Gás no Fundo Clima. Deputado Arnaldo Jardim (Cidadania/SP) disse durante a gas week, nesta terça (8/4), que vai se empenhar para derrubar veto presidencial que excluiu a possibilidade de destinar recursos do Fundo Clima para projetos de mobilidade a biometano, biogás, etanol e gás natural na forma de GNC ou GNL.

GNL em desalinho ao Acordo de Paris. O relatório Paris Maligned III, divulgado pela Carbon Tracker, nesta terça (8/4), aponta que grandes investimentos recentes em projetos de GNL estão agravando o desalinhamento das empresas de petróleo e gás em relação às metas do Acordo de Paris. Embora algumas companhias vejam o GNL como um combustível de transição, a análise mostra que esses empreendimentos, altamente intensivos em capital, elevam o risco de encalhe econômico diante do aumento da oferta global.

Economia circular. Um estudo elaborado pela Fundação Ellen MacArthur defende a adoção de novos critérios pelo GHG Protocol – principal metodologia usada por empresas para contabilizar suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) – capazes de refletir com precisão os benefícios climáticos de práticas circulares, como a reutilização, reparo e prolongamento da vida útil de produtos. (Confira na entrevista à agência eixos)

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