A Tarde / Coluna Made In Bahia
Por Thiago Barreira de Alencar Andrade, presidente da Petrobahia
– Foto: Shirley Stolze / Ag A TARDE
O setor de combustíveis na Bahia atravessa um momento desafiador em meio ao complexo cenário geopolítico global. A posse de Donald Trump e seu discurso sobre o aumento da oferta de combustíveis nos Estados Unidos, aliado à força do dólar, impacta diretamente os preços internacionais do petróleo. Essa conjuntura adiciona incertezas ao mercado baiano, que já opera sob condições diferenciadas em relação a outros estados brasileiros.
Na Bahia, a precificação dos derivados de petróleo é influenciada pela política de preços da refinaria Acelen, que adota o modelo de paridade de importação (PPI). Esse modelo difere da estratégia da Petrobras, que tem mantido os preços abaixo da paridade como medida para conter a inflação. Essa divergência pode resultar em um diferencial significativo, mantendo os valores locais acima dos vizinhos e criando riscos de migração de volumes para regiões de fronteira.
Essa política de preços também impacta a inflação baiana, com previsão de índice superior ao de outros estados. Enquanto um dólar forte favorece a exportação de grãos, a demanda de combustíveis no oeste baiano, uma das principais regiões produtoras do país, pode ser suprida por fornecedores de outras localidades onde a Petrobras tem maior participação de mercado.
Apesar dos desafios, um dado positivo se destaca: o consumo de etanol hidratado na Bahia cresceu mais de 40% entre 2023 e 2024. Esse aumento reflete uma tendência de maior diversificação na matriz de combustíveis, impulsionada por investimentos significativos no setor de biocombustíveis.
Nos próximos anos, a Bahia deve reduzir sua dependência de biocombustíveis importados, graças a novos projetos que fortalecerão a produção local. Entre os investimentos estão os empreendimentos de etanol de milho da Impacto/Petrobahia/JH Sementes, da Inpasa e o projeto de biocombustível de macaúba da Acelen. Essas iniciativas têm potencial para transformar o estado em um polo estratégico para biocombustíveis, fortalecendo a segurança energética e ampliando a competitividade do setor.
Diante desse cenário, a indústria de combustíveis na Bahia seguirá enfrentando desafios e oportunidades. A formação de preços, a política tributária e os investimentos em biocombustíveis serão fatores decisivos para o equilíbrio do mercado nos próximos anos. Cabe ao setor e ao poder público monitorar essas mudanças e agir estrategicamente para garantir o abastecimento e a competitividade do mercado baiano.