Click e Petróleo
Deputado Júlio Lopes alerta sobre a infiltração do crime organizado no setor de combustíveis e propõe sistema de monitoramento online para combater fraudes.
A infiltração do crime organizado no mercado de combustíveis do Brasil representa uma ameaça significativa à logística e à cadeia de abastecimento do país, conforme declarado pelo deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ). Em uma carta enviada à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o parlamentar instou a agência a acelerar a implementação de um sistema de monitoramento online de estoques e manuseio de combustíveis para prevenir fraudes.
Lopes expressou preocupação com suspeitas envolvendo formuladores, refinadores, importadores, distribuidores, transportadores e revendedores de combustíveis, principalmente em São Paulo, que agora buscam entrar no mercado do Rio de Janeiro. Segundo o deputado, essas empresas são conhecidas por evitar fiscalizações e sonegar milhões de reais em impostos, além de terem ligações com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
O parlamentar destacou que o PCC, além de lavagem de dinheiro e outras atividades ilícitas, utiliza empresas de trading e transporte para operações internacionais de tráfico de drogas. No Rio de Janeiro, gangues locais também utilizam a cadeia de combustível para lavar dinheiro e cometer fraudes.
Crime organizado ameaça o mercado de combustíveis no Brasil, afirma deputado
Lopes alertou que países vizinhos, como Colômbia e Venezuela, já enfrentam os efeitos da infiltração do crime organizado no setor de combustíveis, impactando significativamente suas economias e segurança. Ele afirmou que, sem um sistema automatizado de monitoramento, fraudes continuarão a aumentar, reduzindo a qualidade do combustível para os consumidores e elevando a evasão fiscal.
A assessoria de imprensa da ANP informou que a carta foi recebida e está sendo analisada antes de uma resposta formal ao parlamentar.
Recentemente, Júlio Lopes apresentou na Câmara um projeto de lei para criar o Sistema Eletrônico de Informação do Setor de Combustíveis (SEISC), que seria gerido pelo Operador Nacional do Sistema de Combustíveis (ONSC), similar ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O ONSC seria uma entidade pública financiada pelo setor privado e gerida conjuntamente com o governo. A criação do fundo nacional de segurança pública ficaria a cargo dos ministérios de Minas e Energia e da Justiça.
Outras medidas propostas incluem a autorização para que a Receita Federal suspenda o registro nacional (CNPJ) de empresas envolvidas em atividades ilícitas e que a ANP revogue suas autorizações e alvarás.
Paralelamente, o Brasil continua a enfrentar roubos de combustível na região amazônica. Segundo o Instituto Combustível Legal (ICL), a atuação dos piratas fluviais no norte do país causa prejuízos anuais de aproximadamente 100 milhões de reais no transporte de cargas.