Petrobras: entenda como foi a performance da estatal no primeiro ano do governo Lula

Pré-mercado: ações da Petrobras caem 10% após queda no lucro e receio sobre dividendos
08/03/2024
Petrobras frustra mercado com corte de dividendo extraordinário e forte queda no lucro
08/03/2024
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Após recorde de 2022, lucro da estatal cai 33% no ano passado. Ganho registrado pela estatal em 2023 chega a R$ 124,6 bilhões, no primeiro ano sob gestão do PT

O Globo Online

Em 2022, a estatal havia registrado ganho recorde de R$ 188,3 bilhões. Ainda assim, a petroleira informou que o resultado do ano passado é o segundo maior da história.

A retração nos ganhos já era esperada em razão da mudança de cenário. O desempenho em 2022 foi afetado pela disparada na cotação do petróleo. O resultado do ano passado ficou levemente abaixo das projeções compiladas pela Bloomberg, de lucro de R$ 127 bilhões.

No quarto trimestre do ano passado, a Petrobras lucrou R$ 31,043 bilhões. Analistas esperavam ganhos entre R$ 34 bilhões e R$ 36 bilhões.

A estatal atribuiu a redução da receita e do lucro à queda de 18% do preço do petróleo e dos valores de venda dos derivados, especialmente do diesel, que contou com margens menores de venda.

A estatal informou que o resultado foi afetado pelo aumento nas despesas operacionais, com os maiores gastos com impairment (baixa contábil), em função do término das operações do terminal de regaseificação de GNL de Pecém, no Ceará, e abandono de áreas, como em Sergipe-Alagoas, Campos e RNCE (unidade de operações de exploração e produção do Rio Grande do Norte e Ceará).

Para analistas de mercado, que já previam resultado nessa magnitude, o balanço foi influenciado ainda pela suspensão da política da venda de ativos com a chegada do PT ao poder, que reduz a entrada de recursos no caixa da estatal. Mas o principal foco de atenção dos investidores – e que deve se refletir hoje na Bolsa – é o pagamento de dividendos.

Dividendo cairia a um terço

No comunicado que acompanha o balanço financeiro, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, renovou o compromisso com o investimento em exploração e produção de óleo e gás – que frisou ser responsável pela maior parte dos ganhos da empresa-, mas reafirmou seu objetivo de ampliar investimentos em transição energética.

‘Vamos também gerar valor com a transição justa e responsável, diversificando nossas operações em negócios rentáveis de baixo carbono e sempre priorizando parcerias. E faremos tudo isso mantendo o foco na disciplina de capital e sólida governança e racionalidade em todos os processos decisórios’, escreveu Prates.

O presidente da Petrobras afirmou que a política de dividendos foi ‘aperfeiçoada para considerar maiores investimentos’. A estatal informou que seu Conselho de Administração autorizou o encaminhamento para a Assembleia Geral Ordinária, prevista para 25 de abril, da proposta de distribuição de dividendos (ganhos compartilhados com acionistas) de R$ 14,2 bilhões.

Caso ela seja aprovada, o total de dividendos em 2023 somará R$ 72,4 bilhões. Se confirmados, isso significa que os dividendos cairão a um terço do que foi pago no ano anterior.

No comunicado, a estatal disse que os dividendos já levam em conta o valor de ações recompradas no quarto trimestre, de R$ 2,7 bilhões, e a correção pela taxa básica de juros sobre antecipações de dividendos e juros sobre capital próprio relativos a 2023, no valor de R$ 1,1 bilhão.

No texto que acompanha os resultados, Prates diz que os R$ 72,4 bilhões são um valor que ‘se reverte sobretudo para a sociedade brasileira, dona de 37% da Petrobras’. O executivo também destaca o retorno das ações:

‘Em 2023, o retorno total das nossas ações preferenciais na Bolsa de Nova York alcançou 112%, um valor muito superior ao maior dos retornos das majors (20%), evidenciando quão acertada foi a decisão de manter os dividendos em patamares adequados, ao mesmo tempo em que aumentamos os investimentos para entregar crescimento rentável, o que se reflete em maiores valores de mercado’, diz um trecho.

A divulgação dos resultados saiu em horário atípico, pouco depois das 22h. Apesar da expectativa, a empresa não incluiu a distribuição de dividendos extraordinários em sua previsão. Segundo fontes, parte da estatal queria que metade dos dividendos extraordinários fosse para a reserva. A reunião do Conselho foi demorada, e esse foi o principal ponto de discussão.

Despesas sobem 92%

Em 2023, a Petrobras investiu US$ 12,7 bilhões, crescimento de 29% em relação ao ano anterior. Além disso, pagou R$ 240 bilhões em tributos à União e demais entes públicos.

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O aumento das baixas contábeis e do abandono das áreas elevou o aumento das despesas operacionais da companhia em 92,3% no ano passado, para R$ 79,111 bilhões.

A estatal destacou ainda o avanço dos custos exploratórios devido a maiores gastos com geologia e geofísica, principalmente na Margem Equatorial e no Bloco Aram, no pré-sal da Bacia de Santos. Houve ainda alta das despesas tributárias, devido à vigência do imposto sobre exportação de petróleo de março a junho de 2023.

Houve crescimento de despesas gerais e administrativas, de 15,6%, com aumento nos custos com pessoal em face dos reajustes salariais e contratação de colaboradores e serviços de terceiros.

Dívida sobe 16,4%

A dívida bruta chegou a US$ 62,6 bilhões no fim de 2023, alta de 16,4% em relação ao ano anterior.

No mês passado, a Petrobras informou aumento de 3,5% em sua produção comercial de petróleo e gás em 2023, para 2,4 milhões de barris de óleo equivalente diários (boe/d), no ano de 2023. A alta foi puxada pelo pré-sal, que registrou avanço de 10,5%.

O total operado pela estatal chegou a 3,8 mil barris por dia, crescimento de 6,2%. O valor inclui a participação de outras petroleiras em blocos. A companhia atribuiu o crescimento à entrada de três novas plataformas de produção.

O volume de vendas de combustíveis no mercado interno teve queda de 0,5% no ano passado, para 1,744 milhão de barris por dia. O diesel teve recuo de 1,2% com o aumento da mistura obrigatória de biodiesel de 10% para 12%, ocorrido em abril do ano passado, e a venda da refinaria de Manaus, no fim de 2022.

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