O Brasil tem exatamente 51 carros elétricos novos à venda no mercado nesse fim de 2023. E se algum deles te interessa, saiba que para 2024 as notícias não são das melhores: os preços devem subir com a volta do imposto de importação para elétricos, híbridos e híbridos plug-in. O anúncio foi feito pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) em 10 de novembro. Portanto, o ano será de muitos desafios para este mercado que bateu recorde histórico em 2023.
Autoesporte vai explicar como será a volta deste imposto de importação e como as fabricantes terão que se adaptar a isso.
De janeiro até o final de novembro de 2023, as vendas de elétricos já alcançaram a marca de 13.292 unidades. O crescimento é bem significativo de 57%, se comparado com 2022, quando o número de emplacamentos do segmento foi de 8.458 do mesmo período.
O líder disparado é o BYD Dolphin — eleito o Carro do Ano 2024 —, que vendeu 4.561 unidades, segundo a Fenabrave, associação que representa as concessionárias. Somente em novembro foram 1.694 emplacamentos, muito mais do que os 286 do vice-líder, Yuan Plus, também da BYD.
A tributação será de 35% para as três categorias, porém, será cobrado de forma gradual a partir de janeiro de 2024.
Confira abaixo quanto e quando os impostos entram em vigor para cada categoria:
Apesar de retomar o imposto de importação, o governo atribuiu uma cota para que as fabricantes possam trazer ao Brasil carros eletrificados sem pagar a alíquota. O governo já estabeleceu os valores totais, mas ainda não detalhou quanto cada fabricante terá direito.
A promessa era que a distribuição de cotas fosse anunciada em dezembro, mas o ano se encaminha para o fim e o governo ainda não anunciou a divisão. Confira as cotas totais para os próximos anos:
Cotas para importação de carros eletrificados
Até junho de 2024 | Até julho de 2025 | Até junho de 2026 | |
Híbridos | US$ 130 milhões | US$ 97 milhões | US$ 43 milhões |
Híbridos plug-in | US$ 226 milhões | US$ 169 milhões | US$ 75 milhões |
Elétricos | US$ 283 milhões | US$ 226 milhões | US$ 141 milhões |
Fonte: Mdic
De acordo com o governo, a intenção é “desenvolver a cadeia automotiva nacional, acelerar o processo de descarbonização da frota brasileira e contribuir para o projeto de neoindustrialização do país”. A volta do imposto de importação acontece oito anos após o governo baixar de 35% para zero a alíquota para veículos híbridos e elétricos.
Nenhuma fabricante instalada no país produz veículos elétricos atualmente, mas isso já tem data para mudar.
A chinesa BYD comprou a fábrica que pertenceu à Ford entre 2001 e 2021 em Camaçari (Bahia) e confirmou que vai fabricar dois elétricos, o Dolphin e Yuan Plus, e um híbrido, o Song Plus. O investimento inicial é de R$ 3 bilhões e o começo da produção está previsto para o segundo semestre de 2024. A partir de 2025 o objetivo é fabricar 150 mil unidades por ano — sem especificar a quantidade exata de cada modelo. É provável que o Dolphin tenha um volume de fabricação maior do que dos outros.
Entre os híbridos nacionais, estão apenas os Toyota Corolla e Corolla Cross e os Caoa Chery Tiggo 5x e Tiggo 7 Pro — os dois últimos têm um sistema híbrido leve, de menor complexidade e eficiência energética. A GWM, que comprou a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (São Paulo), pretende nacionalizar o SUV híbrido Haval H6, eleito o melhor motor até 2.0 no prêmio Carro do Ano 2024 com seu 1.5 turbo híbrido plug-in. Mas isso ainda tem não data para acontecer.
Os três carros elétricos mais baratos do Brasil são: Caoa Chery iCar (R$ 119.990), Kwid E-Tech (R$ 123.490) e Jac E-JS1 (R$ 126.900). O Dolphin é um pouco mais caro do que o trio e parte de R$ 149.800.
Pensando que os 10% de repasse do imposto seja integral, os valores do quarteto acima vão para: Caoa Chery iCar (R$ 131.989), Kwid E-Tech (R$ 135.839), Jac E-JS1 (R$ 138.600) e Dolphin (164.780). É pouco provável que isso aconteça e o repasse deve ser menor no preço final dos carros, entretanto, um certo aumento deve ser inevitável, portanto, fica aqui nosso reforço novamente: não espere chegar 2024 para comprar o seu carro elétrico.
Como mencionado acima, com certeza os carros elétricos vão começar 2024 mais caros. E o desafio das fabricantes é justamente fazer uma estratégia para não elevar muito os valores repentinamente, para que um mercado que decolou em 2023 não sofra retrocesso em 2024.
O que deve acontecer para minimizar o impacto é o aumento seja gradual, como é o caso da Volvo. Privilegiando o volume de vendas, a marca, neste primeiro momento, vai adotar táticas diferentes para seus carros elétricos. O EX30, que chega em meados do ano que vem, terá um repasse menor de imposto que o de XC40 e o C40. A fabricante estipulou um aumento de 5% para o inédito SUV de entrada que tem o objetivo de responder por mais da metade das vendas da Volvo em 2024. Quem comprou o modelo na pré-venda, inclusive, já sofrerá com o reajuste e terá que arcar com a diferença.
O EX30 foi anunciado com preços entre R$ 220 mil e R$ 280 mil. Os novos valores devem ficar entre R$ 230 mil e R$ 295 mil. “Esperamos não perder nenhuma das 2.000 reservas do carro”, diz Marcelo Godoy, novo presidente da Volvo Brasil. Já para os outros dois modelos da gama, o reajuste será de 10%. Confira a tabela abaixo:
Tabela
Carro elétrico | Imposto Janeiro/2024 | Imposto Julho/2024 | Repasse Volvo para 2024 |
EX30 | 10% | 18% | 5% |
XC40/C40 | 10% | 18% | 10% |
Fonte: Volvo
Além do reajuste nos preços, é provável que o volume inicial de carros elétricos importados para o Brasil no início de 2024 seja menor, justamente para as fabricantes sentirem a reação do mercado. Com a soma de tudo isso, pelo menos no primeiro trimestre devemos ter queda nos emplacamentos até o mercado se adaptar.
Em 2024 vários carros elétricos já estão confirmados para chegar ao Brasil, inclusive o BYD Seagull, que vai se chamar Mini Dolphin por aqui, e será o modelo mais barato do mercado no segmento. Por enquanto, a estratégia das principais fabricantes de elétricos segue em sigilo. A partir de 1º de janeiro de 2024 vamos ter um cenário mais claro do que está por vir e o quão difícil será superar esses desafios.