Money Times
O adiamento surpresa da reunião de delegados da Opep+ de domingo (26) para quarta-feira (30) continua gerando ansiedade nos mercados de petróleo.
O encontro está sendo qualificado como “crítico” por analistas, já que se trata do primeiro a ter impactos sobre o cenário de oferta da commodity em 2024.
Em relatório, o Goldman Sachs vê “35% de probabilidade de que a Opep decida, como um grupo, por um novo corte na produção. A última decisão ‘colegiada’ do cartel foi em junho deste ano, mas naquela oportunidade, não houve a indicação por cortes coletivos.
De lá para cá, Arábia Saudita e Rússia tomaram a iniciativa de realizar cortes de maneira unilateral para fortalecer a política de valorização dos preços do barril.
Enquanto os sauditas — que lideram o bloco informalmente — optaram por cortes de 1 milhão de barris por dia entre os meses de julho e dezembro, os russos decidiram por cortes de 300 mil barris por dia.
Desta vez, a estratégia de mais restrição na oferta pode ter se tornado mais atraente para outros membros do cartel.
“Os formuladores de política energética da Opep podem estar querendo se proteger de uma eventual queda do Brent abaixo dos 80 dólares por barril, levando em consideração uma demanda sazonal mais fraca do primeiro trimestre”, dizem os analistas de petróleo do Goldman.
Nos tempos recentes, a marca dos US$ 80 por barril se transformou em uma espécie de linha vermelha para os produtores e exportadores no petróleo, engatilhando cortes de produção tanto em outubro de 2022 quando em abril de 2023. Nesta sexta-feira (24), o Brent está negociado justamente na marca de US$ 80.
Para o Goldman, “um corte coletivo tende a ser mais eficiente para a geração de receitas do que decisões unilaterais”.
Divergências internas pode fazer corte ‘subir no telhado’
Embora concreta, a possibilidade de um corte adicional na produção de petróleo encontra obstáculo em desavenças internas.
Ao fim do tenso encontro de junho, países produtores da África (Nigéria e Angola) concordaram em diminuir as suas cotas de produção para 2024, a menos que conseguissem comprovar um aumento de produtividade de seus campos de exploração até o último mês.
Números colhidos por consultorias independentes de energia, Rystad, IHS e WoodMac, sugerem que o compromisso não foi cumprido por parte da Nigéria e da Angola.
Segundo analistas do mercado, o mal-estar entre os membros africanos e os membros com maior capacidade de produção do cartel devem imobilizar a decisão de um novo corte e teria sido, inclusive, o motivo pelo qual a reunião de domingo foi postergada.
Diante das tensões internas, diz o Goldman, o cenário mais possível é a extensão de cortes voluntários por parte da Arábia Saudita e pela Rússia, com o cartel permanecendo neutro.