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Após uma reunião de duas horas e meia do conselho de administração, a Petrobras divulgou nesta quinta, 23, seu novo plano estratégico, que terá investimento de US$ 102 bilhões, cifra que corresponde a R$ 500,8 bilhões para o período 2024 e 2028. A principal novidade são os aportes em energias renováveis e descarbonização, que correspondem a US$ 11,5 bilhões (R$ 56 bilhões).
O anúncio representa uma ampliação de 30,7% frente ao plano de negócios em vigor atualmente, que soma US$ 78 bilhões (R$ 382,7 bilhões) para o período 2023/2027. Considerado expressivo pelo mercado, o aumento atende a pedidos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que enxerga no incremento dos negócios da Petrobras um vetor do crescimento econômico nos próximos anos.
Segundo pessoas a par do assunto, a reunião do conselho teve um clima ameno e deixou de lado as tensões dos últimos dias, que chegaram a aumentar os rumores de uma troca no comando da estatal. A sensação é a de que o ‘puxão de orelha’ dado por Lula em duas reuniões em Brasília teve efeito. O presidente deixou claro que estava incomodado com as discussões públicas feitas pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.
No plano, a maior parte dos investimentos, 73%, ou US$ 73 bilhões (R$ 357 bilhões), segue voltada à exploração e produção de petróleo e gás (E&P). O grosso desse montante será aplicado em atividades relacionadas ao pré-sal, no litoral da região Sudeste. Segundo a Petrobras, em 2028, o pré-sal vai representar 79% da produção total da empresa.
‘Futuro’
No comunicado, a companhia informou que o plano visa preparar a Petrobras para o futuro e fortalecer a estatal, iniciando um processo de integração de fontes limpas, movimento considerado essencial para uma transição energética justa e responsável. ‘O novo plano será implementado com atenção total às pessoas, à segurança e com respeito ao meio ambiente, perpetuando valor para as gerações futuras, com foco na disciplina de capital e no compromisso de manter o endividamento da companhia sob controle.’
Renováveis
Previsão mais aguardada pelo mercado, os US$ 11,5 bilhões para novos negócios de energias renováveis e iniciativas de descarbonização em cinco anos representam 11,2% do volume total e vão subir gradualmente até 16% em 2028.
O investimento em fontes renováveis foi um dos pontos mais sensíveis para a aprovação do plano estratégico tanto dentro do governo, que representa o controlador, a União, quanto em relação aos acionistas minoritários, representados por 4 dos 11 integrantes do conselho de administração da companhia.
Imprescindíveis aos planos do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, de transformar a petroleira em empresa integrada de energia, a inclinação da gestão a fontes renováveis vinha sendo considerada excessiva pelos conselheiros minoritários e mesmo por conselheiros ligados ao ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira. Nas discussões, parte do governo chegou a questionar a previsão de investimentos desse tipo fora do País, sob o argumento de que era feito para aprendizagem, apresentado pela diretoria.
Refino
O investimento previsto para o parque de refino e gás natural da Petrobras até 2028 é de US$ 17 bilhões (R$ 83,1 bilhões). Ao longo de 2023, a Petrobras tem empreendido esforços para elevar o fator de utilização de refinarias a fim de aumentar produção e venda de derivados e compensar os efeitos de caixa da nova política de preços do negócio, que abandonou em março o preço de paridade de importações (PPI). A expansão e aumento de eficiência de refinarias existentes incrementam a estratégia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.