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No cenário energético atual, a importância dos biocombustíveis como alternativa sustentável está cada vez mais em destaque. O Brasil, com 40 anos de experiência na produção e utilização de biocombustíveis, exemplifica o potencial desta fonte de energia. Em 2022, segundo o Balanço Energético Nacional, a biomassa (incluindo cana, lenha e lixívia, entre outras) respondeu por 31,4% da oferta interna de energia do Brasil. Este crescimento não só estimula a economia, através da criação de empregos e geração de renda, mas também contribui significativamente para a redução de emissões de gases de efeito estufa, especialmente no setor de transportes rodoviários.
Apesar da relevância e do potencial expansivo dos biocombustíveis na matriz energética nacional, eles enfrentam desafios, incluindo a falta de políticas públicas específicas para seu desenvolvimento. É crucial replicar iniciativas bem-sucedidas, como as políticas implementadas para estimular a produção de etanol e biodiesel durante a crise do petróleo nos anos 70, exemplificada pelo PróÁlcool. Essas políticas públicas específicas podem potencializar ainda mais o setor.
No mercado global, a valorização dos biocombustíveis está em ascensão. Na União Europeia, por exemplo, o consumo de pellets aumentou significativamente, refletindo a demanda crescente e o potencial comercial de exportação de combustíveis de biomassa. Este cenário ressalta a importância estratégica dos biocombustíveis no contexto internacional.
O lançamento da Aliança Global para Biocombustíveis, durante o encontro do G20 em 2023, marca um momento histórico. Esta iniciativa, que une 19 países, incluindo os três principais produtores de biocombustíveis (Brasil, Estados Unidos e Índia), e 12 organizações internacionais, visa promover a produção sustentável e o uso de biocombustíveis no mundo. Entre as medidas propostas estão a adoção de 20% de mistura de etanol na gasolina, a fabricação de automóveis flex e o desenvolvimento de biocombustíveis de segunda geração. Este movimento representa uma cooperação sem precedentes entre países, abrangendo esferas governamentais, acadêmicas, tecnológicas e empresariais, e promove a recuperação da produtividade de áreas já degradadas.
Os biocombustíveis são elementos cruciais na estratégia de diminuição das emissões de gases de efeito estufa no Brasil. Além de focar em tecnologias de captura e armazenamento de carbono, é essencial considerar os biocombustíveis como parte integrante da solução para um futuro mais sustentável. A criação da Aliança Global fortalece o setor e cria um ambiente propício para o estabelecimento de novas políticas públicas e regras específicas para cada tipo de biocombustível.
A Aliança Global para Biocombustíveis abre portas para um futuro onde biocombustíveis não só desempenham um papel vital na matriz energética, mas também no combate às mudanças climáticas. A colaboração internacional é fundamental para atender à crescente demanda mundial e para a expansão do número de fornecedores. Este esforço conjunto promete não apenas benefícios ambientais, mas também oportunidades econômicas em escala global.
Marcela Rodrigues e Isabela Morbach são profissionais dedicadas à promoção e ao avanço dos biocombustíveis e da sustentabilidade. Juntas, elas enfatizam a importância da inovação e da cooperação global para o desenvolvimento do setor de biocombustíveis.