Valor Econômico
O petróleo fechou esta quinta-feira em forte queda, de mais de 4%, pressionado por sinais de enfraquecimento da demanda global, que pode levar o mercado da commodity a um superávit de oferta no curto prazo. Com o movimento, os contratos mais líquidos fecharam em seus menores níveis desde meados de julho.
O barril do petróleo WTI, a referência americana, com entrega prevista para janeiro recuou 4,82%, a US$ 73,09. Já o barril do Brent (referência global) para o mesmo mês caiu 4,63%, a US$ 77,42.
Após os estoques de petróleo nos EUA subirem 17,5 milhões de barris no acumulado das duas últimas semanas, indicadores mais fracos que o esperado ofereceram mais sinais de que a demanda pela commodity na maior economia do mundo pode passar por um período de retração. Em especial, a atividade da indústria americana caiu 0,6% entre setembro e outubro, superando a previsão já pessimista dos analistas, de queda de 0,4%.
“Simplesmente não há muita demanda, não há razão para ser realmente um grande comprador de petróleo bruto”, diz Robert Yawger, do banco Mizuho. Ao mesmo tempo, as refinarias estão relutantes em aumentar a produção, o que pressionaria os preços da gasolina e, portanto, mais petróleo acaba enviado para o armazenamento, acrescenta em referência aos dados de estoques nos EUA.
Além disso, autoridades do Departamento de Energia americano impuseram sanções sobre três companhias dos Emirados Árabes Unidos sob a acusação de que estão transportando petróleo da Rússia a preços acima do teto de US$ 60 imposto pelo G7 em 2022. A perspectiva de que parte da oferta russa tenha que se adequar à regra pode ter pressionado os contratos futuros.
Agora, o mercado fica à espera da reação das nações da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) em resposta ao forte recuo do barril.
“A tendência recente pode dificultar que a Arábia Saudita e a Rússia permitam que seus cortes unilaterais [de oferta] expirem no final do ano, o que é algo que os mercados podem estar precificando gradualmente. A falta de um compromisso de prorrogação até o momento pode refletir um desejo de não fazê-lo, mas, como vimos tantas vezes no passado, os produtores farão o que for preciso para sustentar o preço. A questão talvez seja se eles conseguirão fazer com que outros participem”, diz Craig Erlam, analista sênior de mercados da Oanda.
Os sauditas adotam desde o primeiro trimestre de 2023 um corte mensal de 1 milhão de barris por dia de sua produção, enquanto os russos reduzem sua oferta em 300 mil/dia. No entanto, há relatos de que Moscou tenha aumentado suas exportações apesar do compromisso, e outras nações da Opep+, como os Emirados Árabes Unidos, Kuwait e a Venezuela pressionam as principais lideranças do grupo, que fará no dia 26 sua próxima reunião ministerial que vai definir novas cotas de produção.