Folha de S.Paulo
A Petrobras registrou lucro de R$ 26,6 bilhões no terceiro trimestre de 2023, queda de 42,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. O desempenho reflete menores cotações do petróleo e preços de venda de derivados no mercado interno.
Pelo resultado, o conselho de administração da estatal aprovou a distribuição de R$ 17,5 bilhões em dividendos, elevando a R$ 57 bilhões o valor da remuneração a acionistas já aprovado em 2023, ano em que a política de dividendos foi alterada para reduzir o valor dos pagamentos.
Em nota, a empresa defendeu que o valor é compatível com sua sustentabilidade financeira e está alinhado ao compromisso de geração de valor para a sociedade e para os acionistas, assim como às melhores práticas da indústria mundial de petróleo e gás natural.
O resultado do terceiro trimestre, disse, é “justificado pela queda do Brent e também pela redução das margens dos derivados no mercado internacional”. “Essas variáveis afetaram não só a Petrobras, mas a indústria de óleo, gás e derivados como um todo.”
A empresa completou dizendo que o cenário do terceiro trimestre de 2022 foi “atípico de preço alto de Brent que levaram a resultados financeiros recordes para as companhias de petróleo”.
No ano, a Petrobras acumula lucro de R$ 93,5 bilhões, queda de 35,5% em relação ao ano anterior. A empresa fechou o terceiro trimestre com receita de R$ 124,8 bilhões, queda de 26,6% em relação ao mesmo período de 2022. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa, caiu 27,6%, para R$ 66,2 bilhões.
No trimestre, a empresa vendeu seus derivados de petróleo pelo preço médio de R$ 464,1 por barril, queda de 33% em relação ao terceiro trimestre de 2022. A cotação média do petróleo Brent, que baliza o valor das exportações da companhia, caiu 14%, para US$ 86,76 por barril.
Por outro lado, a Petrobras registrou forte crescimento em sua produção de petróleo e gás, que chegou a 2,88 milhões de barris por dia, quase 9% superior ao mesmo período de 2022. Suas vendas de combustíveis cresceram 1,3%, para 1,82 milhão de barris por dia.
Foi o primeiro trimestre completo sob a nova política de preços da companhia, que deixou de seguir a paridade internacional de preços a partir de maio. Responsável pela produção de combustíveis, a área de refino da empresa teve queda de 45% no lucro, para R$ 4 bilhões.
A margem de lucro deste segmento melhorou em relação ao trimestre anterior, subindo de 8% para 9%, mas ainda permanece em patamares mais baixos do que em anos anteriores. No dia 15 de agosto, na metade do trimestre, a Petrobras elevou os preços da gasolina e do diesel em 16,2% e 25,8%.
Já a área de exploração e produção, sofrendo impacto do petróleo mais barato, teve queda de 23% no lucro, para R$ 30,6 bilhões.
No terceiro trimestre, a Petrobras começou a colocar em prática seu programa de recompra de ações aprovado em agosto. Gastou R$ 975 milhões com a aquisição de um volume equivalente a 0,4% de suas ações preferenciais.
A companhia prepara-se agora para lançar seu primeiro plano estratégico de cinco anos sob o terceiro mandato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que prometeu a retomada de um papel mais desenvolvimentista da empresa, com investimentos em áreas abandonadas por gestões anteriores.
Representantes da União têm resistido a aprovar o orçamento, diante da elevada previsão de investimentos em energias renováveis. São cerca de US$ 20 bilhões em uma série de segmentos: eólicas, biocombustíveis e hidrogênio, além de descarbonização das operações.
Ao todo, o plano proposto ultrapassa a casa dos US$ 100 bilhões, bem superior aos US$ 78 bilhões aprovados no último ano do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Fontes dizem que o principal entrave está na capacidade de financiar o plano dentro dos limites de endividamento da companhia, de US$ 65 bilhões, e mantendo o compromisso de distribuir 45% de seu fluxo de caixa livre em dividendos.