O Globo
Victor Scalet, estrategista macro e analista político na XP, calcula que a reoneração dos impostos federais em gasolina e etanol a partir de primeiro de março vai impactar 10% nas bombas e 0,5pp no IPCA do ano. A MP que prorrogou a desoneração feita no governo Bolsonaro termina em fevereiro.
No debate durante o evento Smart Summit, realizado no Rio na sexta-feira passada, Scalet afirmou que apuração da área política da empresa indica que deve ser feita uma nova extensão por algum período, pois o governo ainda não encontrou uma solução nem deve achar nos próximos 20 dias.
– O mais fácil na política é deixar como está. Não sei por quanto tempo: prorrogar por 60, 90 dias ou até o final do ano? Não sei. Já tem gente no mercado já está trabalhando de que a reoneração não será feita- disse ele. E completou:
– O governo está buscando solução para que não haja aumento na bomba. mas não tem jeito. O custo existe, gostando ou não a paridade existe. Se for mexer, alguém vai pagar essa conta. Ou o governo ou o consumidor. Se quer voltar imposto e não quer que suba o preço da bomba, quem vai pagar é a Petrobras. Um dos três agentes irá pagar.
Ao ouvir esta frase, Walter Maciel, CEO da AZ Quest, que participava do evento, disse:
– Paulo Guedes arrumou a melhor solução: nem eu nem você, os estados.
O analista falou que as medidas tomadas pelo governo Bolsonaro para baixar o preço do combustível não eram sustentáveis e que foram gastos R$ 35 bilhões com objetivo de ganhar a eleição.
– Os estados vinham com muito caixa nos últimos anos. A pandemia incrementou a compra de bens, o que impactou no ICMS. O preço de commodities ajudou diversos estados. Receberam ainda repasse da União e tiveram aumento da arrecadação – relembrou ele, que completou:
-Com a medida de limitar a cobrança do ICMS sobre combustíveis, os estados têm caixa para 2023, mas não têm para 2024. Terminaram o ano com déficit. E ainda há ação no STF sobre a redução do imposto.