Mubadala e Raízen disputam BP Bunge Bioenergia

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Valor Econômico

As negociações para a venda da BP Bunge Bionergia, joint venture da petroleira britânica BP e da americana Bunge, avançaram e têm o fundo soberano Mubadala e a Raízen como finalistas nesse processo, apurou o Valor. Fontes a par do assunto afirmaram que a gigante de Abu Dhabi aceita pagar a operação em dinheiro, enquanto a Raízen propôs outros meios, incluindo troca de ações.

A Bunge e a BP estão avaliando qual o melhor formato para fechar o negócio. Criada em 2019, a joint venture tem 11 usinas de açúcar e etanol, com capacidade para moer quase 33 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra. No ciclo encerrado em março de 2022, a receita operacional líquida da empresa totalizou R$ 7,2 bilhões, com lucro líquido de cerca de R$ 1,7 bilhão. As unidades produtoras estão instaladas em Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins.

As duas ofertas foram apresentadas às companhias em outubro passado, mas os controladores estavam aguardando os resultados das eleições presidenciais para seguirem com o negócio. O banco JP Morgan está assessorando a BP Bunge Bioenergia, e o Bradesco BBI, o Mubadala.

Para o Mubadala, a transação marcaria sua segunda tacada em combustíveis no Brasil, desta vez em renováveis. A primeira foi a compra da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, que pertencia à Petrobras, por US$ 1,65 bilhão. O fundo de Abu Dhabi levantou capital este ano para investir no Brasil. A gestora também fez oferta para comprar o controle da Burger King no Brasil, mas não chegou a um acordo financeiro.

Os ativos da BP Bunge Bioenergia são também estratégicos para a Raízen (joint venture entre Cosan e Shell), líder com folga do segmento. A companhia tem capacidade atual para moer 100 milhões de tonelada de cana.

O processo de venda da joint venture teve início no primeiro semestre deste ano. Originalmente, apenas a Bunge queria vender sua participação de 50% no negócio. Com o processo em andamento, a BP também mostrou-se disposta a se desfazer de sua participação.

Fontes envolvidas nas negociações também não descartam a possibilidade de a petroleira britânica BP comprar a participação da sócia Bunge na joint venture.

A empresa da BP e da Bunge tem capacidade para moer até 32,4 milhões de toneladas de cana por safra, mas a ociosidade chegou a 27% na safra passada por causa de problemas climáticos que afetaram a produtividade.

Não é a primeira vez que a Bunge tenta sair da área de açúcar e etanol. Antes de estabelecer a joint venture com a BP, a múlti americana, uma das maiores do mundo no setor de agronegócios, já tinha contratado bancos para se desfazer de seus ativos no segmento sucroalcooleiro.

A Raízen foi um dos grupos que chegaram a olhar os negócios da gigante americana do agro na época, mas as conversas não foram levadas adiante. No ano passado, a líder brasileira em açúcar e etanol fechou uma das maiores operações de fusão e aquisição no país ao comprar as usinas da Biosev da francesa Louis Dreyfus Company (LDC).

Grande grupos globais do agro, como Bunge, LDC e Cargill, fizeram pesados investimentos em açúcar e etanol no Brasil no passado, mas não obtiveram o retorno que esperavam e buscaram se desfazer de seus ativos.

Procuradas, BP Bunge Bioenergia e Raízen não comentaram o assunto. O Mubadala não deu retorno aos pedidos de entrevista até o fechamento desta edição.

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