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Os riscos de advir falta no abastecimento de diesel em relação ao mercado doméstico é real, mas os dados foram divulgados erroneamente por má resolução nos cálculos e gerenciamento de riscos. Teoricamente, o estoque de combustível era de 50 dias segundo os dados informados pelo Ministro Adolfo Sachsida em audiência pública no Senado no inicio do mês de julho. Porém, de acordo com os cálculos certos, o estoque servirá apenas para 15 dias.
Qual a diferença entre os cálculos?
Aparentemente, o erro aconteceu porque existem lógicas diferentes na hora de calcular o estoque de diesel. Marcus D’Elia, sócio-diretor da Leggio Consultoria, afirma que o governo contabiliza apenas os volumes em estoque e a média da exportação, ou seja, visam um número de demanda menor, o que automaticamente gera um estoque mais alto do que se fossem contabilizados a demanda real, possíveis riscos, produção, entre outros detalhes.
O consultor também fala sobre a análise geral que deve ser feita. Muito mais do que realizar cálculos de estoque de diesel, também é necessário mapear os pontos de maior risco, identificar alternativas de suprimento e planejar rotas para movimentar produtos até os locais mais vulneráveis.
“No fundo, quando falamos de estoque, ele deveria cobrir qualquer interferência de movimentação de produto, não só importação. É mais uma questão de como interpretar o risco, e não se temos efetivamente ou não estoques.” – afirma.
Em contrapartida, o MME (Ministério de Minas e Energia) deixa claro que os estoques de diesel operacionais de 50 dias são reais e que para a estruturação de suas pesquisas e dados, estão presentes a demanda, produção, importação, projetos e estoques, ou seja, muito além do comentado anteriormente.
Caso ocorra o desabastecimento do diesel, como prosseguir?
O risco de desabastecimento de diesel é incontestável, mas muito provavelmente acontecerá em pontos específicos do país como regiões afastadas dos centros de produção, por exemplo, o Sudeste.
Para Marcus, o planejamento público e o corte na procrastinação por parte do governo é necessária.
“Deveríamos estar preocupados em traçar um plano de contingência para levar o produto a lugares onde possa faltar. Estoque não garante suprimento, é só o primeiro passo. Estudar o risco de ruptura e a capacidade de resiliência das cadeias logísticas é fundamental para se preparar para eventos imprevistos, como o atraso de uma embarcação em algum ponto do país ou um acidente em um terminal, entre outros” – completa.
Conflito entre ANP e empresas
A votação por parte da agência reguladora para que os produtores distribuidores obtenham o equivalente a nove dias de estoque por semana, referente a produção do óleo diesel A S10, ocorreu na última semana de julho, mas a Petrobras e outras empresas líderes do petróleo e gás são contra o projeto devido o risco de aumento no preço dos derivados.