Valor Econômico
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse hoje que, se voltar a ser eleito, irá trabalhar para mudar a política de preços da Petrobras, que hoje é atrelada à cotação internacional do óleo.
“Pretendo mudar a política de preço da Petrobras”, disse durante entrevista ao portal “UOL”. O petista afirmou que pensa em colocar no lugar uma política “que seja em função dos custos nacionais” que incidem sobre a estatal.
“A PPI [Política de Paridade internacional] é para agradar os acionistas em detrimento de 215 milhões de brasileiros”, afirmou, antes de citar que surgiram 392 empresas importadoras de petróleo no Brasil depois de sua adoção.
Para Lula, o presidente Jair Bolsonaro “não teve coragem” de alterar essa política, pois “está comprometido com a privatização [da Petrobras] e com essas 392 empresas”.
O ex-presidente afirmou que o petróleo “ainda será estratégico por muito tempo” e prometeu retomar a construção de refinarias no Brasil, além de um critério de distribuição de royalties que garanta 75% da arrecadação para as áreas de educação e ciência e tecnologia.
A Petrobras, segundo ele, “será mais que uma empresa de petróleo, será de energia”.
Reservas
Lula disse em seguida que tem “obsessão” com reservas internacionais e que, se eleito, não pretende mexer no estoque brasileiro. “Esses US$ 370 bilhões que tem aí foi obra de nosso governo. Não pretendo mexer nesse dinheiro”, afirmou. Ele disse ter conseguido fazer a dívida do país cair de 60% do PIB para 39% durante o seu governo “sem precisar mexer nas nossas reservas”.
O petista também deu pistas sobre o papel dos bancos públicos em um eventual novo mandato. Depois de defender que as instituições financeiras ligadas ao Estado “tiveram papel importante” durante a crise de 2008, afirmou que planeja reservar ao BNDES uma maior participação no papel de financiador de pequenos e médios negócios
Falou ainda que tem “sede imensa de fomentar a formação de cooperativas” pelo país. “Vamos facilitar”, prometeu.
O tema reforma tributária também foi tratado por Lula durante a entrevista. Ele disse que, eleito, irá convidar empresários, trabalhadores e políticos para formular reforma tributária “em que os ricos paguem mais e os pobres paguem menos”. Defendeu a tributação sobre lucros e dividendos, mas não deu mais detalhes a respeito do que planeja fazer