Defasagem maior da gasolina e do diesel pressiona novo comando da Petrobras

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Folha de S. Paulo

A recuperação dos preços internacionais dos combustíveis e a alta do dólar levaram a defasagem no preço do diesel brasileiro a níveis anteriores ao mega-aumento promovido pela Petrobras em março. A gasolina também está com defasagem elevada.

O cenário joga pressão sobre o novo presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, que assumiu na semana passada defendendo a política comercial da companhia, em um momento em que o preço da gasolina atinge patamares recordes nos postos.

Segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o preço médio do diesel nas refinarias brasileiras está hoje R$ 1,49 abaixo da paridade de importação, conceito que simula o custo de trazer o produto do exterior.

É a maior diferença desde os R$ 2,54 do dia 9 de março, dois dias antes do mega-aumento de 24,9% promovido pela Petrobras em resposta à escalada dos preços internacionais após o início da guerra na Ucrânia.

Após o reajuste, o preço interno passou um período alinhado às cotações internacionais, chegando a ficar alguns dias mais caro. Mas com o dólar em alta e o diesel mais caro no exterior, diz a Abicom, o quadro já demandaria novos reajustes.

No caso da gasolina, a defasagem média hoje é de R$ 0,32 por litro. É o maior valor desde o dia 18 de abril, quando ficou em R$ 0,34 por litro. Também nesse caso, o mega-aumento de 18,8% em março manteve os preços alinhados ao mercado internacional por um tempo, com descolamento nas últimas semanas.

“Para ter coerência com o discurso, a Petrobras precisa anunciar aumento. Pelo menos do diesel”, defende o presidente da Abicom, Sérgio Araújo. Segundo a entidade, não há hoje viabilidade de importação por empresas privadas.

A estatal vem repetindo que mantém a política de acompanhar a paridade internacional, mas não repassa ao consumidor interno as volatilidades do mercado.

Principal referência para o cálculo do preço de paridade de importação, os Estados Unidos normalmente experimentam aumentos de preços nessa época do ano, quando o mercado de combustíveis começa a se preparar para atender o elevado consumo durante as férias de verão.

Na última semana, o preço médio da gasolina nos postos americanos interrompeu uma sequência de cinco semanas em queda e subiu 1%, para US$ 4,107 (cerca de R$ 20) por galão, segundo a agência de informações do Departamento de Energia.

O preço médio do diesel nos postos dos Estados Unidos já vem subindo há três semanas consecutivas. Na semana passada, o produto custava, em média, US$ 5,16 (cerca de R$ 26) por galão.

No Brasil, já há 48 dias sem reajustes nas refinarias, a gasolina também voltou a subir nos postos recentemente, acompanhando a alta da cotação do etanol anidro, que representa 27% da mistura vendida nos postos.

Segundo a última pesquisa de preços da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o preço médio do combustível chegou a R$ 5,270 na semana passada, o maior valor desde que a agência passou a pesquisar os preços semanalmente, em 2004.

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