Distribuidoras e postos relatam dificuldades para comprar combustíveis

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Folha de SP

Distribuidoras e postos de combustíveis começam a enfrentar dificuldades para comprar produtos devido à suspensão de importações por empresas privadas diante da elevada defasagem entre os preços internos e as cotações internacionais.
Há relatos de problemas no Paraná e em estados do Norte e Nordeste, que são mais dependentes de importações. A principal dificuldade está na aquisição de diesel S-10, menos poluente e, por isso, obrigatório nos grandes centros urbanos.
A Fecombustíveis (Federação do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes) diz, porém, ter recebido queixas de falta também de etanol hidratado, já que o produto hoje tem apresentado boa competitividade em relação à gasolina.
O setor reclama que a defasagem entre os preços internos e as cotações internacionais inviabiliza importações. Segundo a Abicom (Associação Brasileira das Importadoras de Combustíveis), suas associadas não realizaram operações em 2022.
Cerca de 20% do mercado brasileiro de combustíveis é abastecido por produtos importados. A dependência é maior no óleo diesel, em cerca 25%. Na gasolina, gira em torno de 10%.
A situação preocupa também clientes das maiores distribuidoras do país, que também atuam em importações. A Ipiranga, por exemplo, enviou comunicado a revendedores avisando que pedidos de volumes adicionais serão submetidos a análise antes da aprovação.
A medida, diz o texto, foi tomada “em função da necessidade de buscarmos suprimento internacional de diesel no mês de março e da recente disparada nos preços do petróleo“. A empresa diz que está priorizando postos da rede Ipiranga e empresas com quem tem contrato de fornecimento.
Procurada pela reportagem, a empresa disse que “ciente do cenário de suprimentos amplamente divulgado pela mídia, a Ipiranga segue trabalhando de forma diligente para manter a regularidade do abastecimento da rede de postos Ipiranga e clientes empresariais”.
Federação que reúne as distribuidoras de pequeno e médio porte no país, a Brasilcom diz apenas que “a situação preocupa”, sem maiores detalhes sobre as dificuldades para encontrar produtos.
“Se a Petrobras segurar o preço por muito tempo, as distribuidoras, principalmente as regionais vão ter muita dificuldade de importar”, diz o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda. “Com defasagem perto de R$ 1 por litro, como vai comprar lá fora mais caro e vender com prejuízo aqui dentro?”
A diferença reflete a escalada das cotações internacionais do petróleo, que chegaram perto do recorde batido em 2008 após o início da guerra na Ucrânia, sem repasses para os preços internos dos combustíveis.
Em um primeiro momento, a Petrobras afirmou que observaria o mercado antes de decidir por aumentos, mas agora defende uma solução para o impacto de eventuais reajustes sejam suavizados para o consumidor.
Desde o início da semana, o governo vem realizando reuniões para tentar desenhar uma alternativa. A área energética defende um subsídio nos moldes do implantando pelo governo Michel Temer durante a greve dos caminhoneiros, mas o Ministério da Economia quer evitar gastos adicionais.
Nesta quarta-feira (9), as cotações internacionais do petróleo cederam dos picos atingiram durante a semana, mas permanecem em patamares altos. A valorização do real frente ao dólar também alivia a pressão sobre a Petrobras.
Ainda assim, na avaliação do mercado, a queda não teria sido suficiente para zerar as defasagens, que, segundo a Abicom, iniciaram o dia em 40% no diesel e 30% na gasolina.
“O ideal é que a Petrobras mantenha a paridade internacional de preços para que a gente consiga ter produto no mercado e não ter falta”, afirma Miranda. “Preço caro é terrível, mas pior que isso é faltar o produto.”

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