Petrobras deve usar crise para diversificar exportações de petróleo

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Estatal tem excedente de 500 mil a 600 mil barris diários. China é atualmente o maior destino para vendas ao exterior

O Globo Online

A Petrobras já vem recebendo diversas consultas para exportar petróleo para países europeus, grupo que hoje responde por apenas 15% dos embarques, atrás da América Latina (23%) e China (38%). A estatal tem um volume excedente de 500 mil a 600 mil barris diários de petróleo.

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De acordo com fontes do setor, a Petrobras já trabalha com algumas alternativas como aumentar a exportação de seu petróleo do pré-sal – que tem baixo teor de enxofre, e é considerado de boa qualidade no mercado internacional por ser mais ‘leve’- para a Europa, e importar petróleo mais barato, com alto teor de enxofre, tido como ‘mais pesado’.

Veja outros momentos em que o preço do petróleo passou de US$ 100

Em janeiro de 2008, o preço do barril superou a marca de US$ 100 pela primeira vez na história, devido às tensões geopolíticas no Irã, na Nigéria e no Paquistão. Tanto o Brent, referência no mercado europeu e no Brasil, como o WTI, referência nos EUA atingiram seu máximo histórico em 11 de julho: US$ 147,50 o barril do Brent e US$ 147,27 o do WTI.

2008: com falência do Lehman Brothers, preço despenca

Após a falência do banco americano Lehman Brothers, em setembro, e do início da crise financeira internacional, o preço começa a cair, já que os investidores precisam urgentemente de liquidez. Assim, em dezembro de 2008, o Brent já estava sendo negociado a US$ 36,20, e o WTI, a US$ 32,40.

2011 e a revolta no Egito

A barreira dos US$ 100 é novamente rompida em janeiro de 2011, pelo risco de os protestos da revolta no Egito e da Primavera Árabe se espalharem pelos países produtores de petróleo do Oriente Médio. O Egito não é um produtor essencial, mas integra importantes rotas de escoamento, tanto via Canal de Suez como via oleoduto Suez-Mediterrâneo.

2012, embargo do petróleo iraniano

Ano inicia com o barril acima de US$ 100, com as sanções impostas ao Irã, suspeito de usar seu programa nuclear para desenvolver armas nucleares. Em represália, o Irã ameaça interromper suas entregas para a Europa. Grande parte do petróleo dos países do Golfo transita pelo Estreito de Ormuz, passagem que o Irã ameaçava fechar.

De 2012 a 2014, tensões no Oriente Médio

O preço do petróleo bruto passa perto dos US$ 90, o barri,l em junho de 2012, em meio à crise econômica na zona do euro. Até 2014, os preços evoluíram quase continuamente próximo dos US$ 100, sustentados pelo endurecimento das sanções contra o Irã e pelas tensões geopolíticas no Oriente Médio, em particular, pelo conflito na Síria.

Assim, explicou essa fonte na estatal, a ideia é garantir o abastecimento do mercado interno e permitir um ganho financeiro neste momento, mas dentro dos limites técnicos e de segurança operacional da estatal.

Esse executivo lembrou também que as negociações estão ocorrendo de forma diária e são feitas com base no preço de mercado (spot). Por isso, uma das alternativas seria deslocar parte do petróleo que iria para EUA e China, mas ‘de forma cautelosa’. Os EUA representam 9% dos embarques de petróleo da Petrobras.

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Como as conversas ainda estão em andamento, a companhia mantém as negociações em aberto, observando as consequências para o mercado caso os Estados Unidos voltem a comprar petróleo de países como Venezuela e Irã.

A estatal analisa ainda se há risco de a China passar a comprar mais petróleo da Rússia. Além da China, outros países da Ásia compram 15% do petróleo da Petrobras. Segundo essa fonte, o mercado pode passar por ‘grandes mudanças a curto prazo’.

Outra preocupação do alto escalão da Petrobras é o volume de importação de petróleo, GNL (gás natural liquefeito, em estado líquido) e óleo combustível.

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De acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), os EUA são um dos principais fornecedores energéticos do Brasil, respondendo por cerca de metade do GNL e óleo combustível comprados pelo Brasil, além de ser o segundo maior exportador de petróleo para cá, atrás da Arábia Saudita.

Pré-sal para exportar

Essa fonte destacou que ‘todo o cenário será levado em conta’ antes de movimentos maiores. A fonte lembrou que o período entre a compra e a entrega de petróleo leva cerca de 60 dias. Dentro da estatal, uma corrente acredita que este pode ser o momento ideal para que a companhia diversifique suas exportações, hoje concentradas na Ásia.

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Por isso, a companhia vai usar os campos de pré-sal, que são considerados de boa qualidade no mercado internacional, para diversificar os destinos de exportação, frisou a fonte. Esse executivo lembrou que os campos usados para exportação são, principalmente, os de Búzios, Atapu e Sépia, no pré-sal da Bacia de Santos.

Segundo essa fonte, a estratégia é que o desenvolvimento de novos mercados para o petróleo do pré-sal seja um fator ‘para o aumento da geração de valor nas exportações de petróleo’. Assim, explicou a fonte, é possível buscar mercados que pagam mais pelo petróleo.

Em 2021, as exportações de petróleo e derivados da Petrobras somaram cerca de 811 mil barris por dia, uma queda de 15% em relação ao ano anterior devido à maior demanda no Brasil e à redução na produção nacional por conta de paradas programadas.

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Os embarques somam cerca de 30% da produção total da estatal, que chegou a 2,7 bilhões de barris no ano passado.

Segundo Marcio Balthazar, sócio da consultoria NatGas Economics, a Europa já está se movimentando e buscando novos fornecedores. Para ele, os países não vão simplesmente cortar o fornecimento da Rússia sem ter um boa alternativa na mesa:

-A Europa está buscando diversificação para ampliar sua capacidade de importação. E por isso os países exportadores entram na mira.

Alta de vendas ao exterior

Segundo a AEB, a China é o principal destino de petróleo bruto brasileiro (o que inclui todas as petroleiras), somando 41,4% do total. Em seguida aparecem EUA (12,1%), Chile (7,6%), Espanha (7,1%), Portugal (7%) e Coreia do Sul (6,9%), com dados de fevereiro, o último disponível.

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-Nos dois primeiros meses deste ano, a exportação de petróleo do Brasil em volume subiu 40%. O mesmo ocorreu com óleo combustível, cujo volume embarcado teve alta de 224%. E isso tudo ocorreu em um momento de alta nos preços, cuja tendência é de aumento. Teoricamente, o aumento nos preços traz oportunidades de mercado com os possíveis embargos – disse José Augusto de Castro, presidente-executivo da AEB.

Em nota, a Petrobras disse ‘que o excedente de petróleo exportável da Petrobras está na média de 500 mil a 600 mil barris/dia. A Petrobras atua globalmente buscando sempre os mercados que valorizem os seus óleos’. Lembrou que ‘até o momento’ o portfólio de compradores da estatal permanece similar ao historicamente observado.

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