O que as cidades estão fazendo para eletrificar o transporte público

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EPBR

Lançado no início de fevereiro, o Guia de Eletromobilidade identifica três tipos de desafios para eletrificar as frotas de ônibus no Brasil — tecnológicos, financeiros e institucionais — e traz exemplos de novos negócios desenvolvidos pelas cidades para abandonar, ou pelo menos reduzir, a dependência de diesel no transporte público.

O guia foi elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o WRI Brasil, e traz um passo a passo para as cidades estruturarem projetos para ônibus elétricos. Veja na íntegra (.pdf)

“Os modelos de negócio são um dos grandes desafios e oportunidades da eletrificação”, diz o WRI.

Segundo os pesquisadores, cidades que conseguiram acomodar o alto custo inicial dos veículos elétricos e suas especificidades operacionais adotaram estratégias similares.

Bogotá, na Colômbia, e Santiago, no Chile, por exemplo, fizeram contratos e processos licitatórios diferentes para os serviços de provisão e operação da frota (os chamados CapEx e OpEx), o que permitiu reduzir os prazos de concessão.

As duas cidades, que lideram a eletrificação na América Latina, também envolveram novos atores, como as empresas de energia, tanto no processo de planejamento quanto no próprio financiamento da transição.

Em epbr: Mobilidade elétrica vai demandar novos modelos de negócios no Brasil

No Brasil, São José dos Campos (SP) assumiu o investimento de frota para a Linha Verde, primeiro corredor 100% elétrico do país. Doze veículos a bateria serão adquiridos com recursos da outorga de um estacionamento rotativo.

O corredor está em operação piloto, sem cobrança de tarifa. E a cidade estuda incluir a obrigatoriedade de mais veículos elétricos na próxima licitação.

Salvador (BA) está prestes a inaugurar os primeiros trechos de seu sistema BRT, que já nasce 30% elétrico — ao menos oito veículos elétricos a bateria estão previstos para entrar em operação até o segundo semestre.

A proposta é manter o percentual de elétricos à medida que novos trechos forem inaugurados.

Em evento de lançamento do Guia, o secretário de Mobilidade, Fabrizzio Muller, disse que a principal dificuldade é contratual, já que a atual concessão iniciou em 2015, quando “não se pensava tanto em eletromobilidade”.

Curitiba (PR) estuda a eletrificação dos corredores Inter 2 e BRT Leste-Oeste, com previsão de aproximadamente 150 veículos elétricos a bateria operando em 2024.

A cidade realizou, com o WRI Brasil, um levantamento sobre os modelos de veículos disponíveis no mercado.

Indisponibilidade de veículos biarticulados para o corredor BRT e planejamento de linhas em que um mesmo veículo opera mais de 400 km por dia estão entre as dificuldades para tirar o projeto do papel.

Já o Rio de Janeiro (RJ) separou a operação da provisão de frota no novo edital do BRT para viabilizar a aquisição de 550 veículos, sendo 65 elétricos, a serem entregues em 2022 e 2023.

A intenção inicial da cidade de alugar a nova frota esbarrou em um marco legal que não aceita licitação para locação como um serviço público — a saída foi comprar os veículos, a um custo de cerca de R$ 1 bilhão.

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