Em três anos, aumento no preço do diesel nos postos supera avanço da inflação

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CNN

Um levantamento obtido com exclusividade pela CNN mostra que a variação no preço do diesel nas bombas de combustível foi maior que o aumento da inflação no país entre maio de 2018, quando houve paralisação de caminhoneiros, e agosto de 2021.
De acordo com a pesquisa da Vale Card, uma empresa especializada em soluções de gestão de frotas, o preço médio do diesel comum subiu 25,26% neste período. Já a inflação teve uma variação de 18,42%. No mês de agosto de 2021, o valor médio do combustível no território nacional foi de R$ 4,720. Já em maio de 2018, o litro custava R$ 3,768. A pesquisa foi feita com a base de dados de 25 mil postos de combustíveis do país.
Segundo o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Mauro Rochlin, a alta do petróleo foi o principal fator para o aumento no preço do diesel. Ele destaca que o valor de todos os combustíveis é cotado em dólar e, portanto, dependente das variações cambiais.
“O petróleo é cotado em dólar e o preço do diesel é balizado nessa moeda. A gente sabe que a valorização do dólar foi muito maior do que o valor do real, esse é o principal fator que impactou essa alta no combustível. Nós ficamos muito dependentes das variações cambiais”, disse Mauro Rochlin.
Nos últimos três anos, o preço do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) se manteve entre 17% e 18% em quase todos os estados do Brasil. Já a União tenta zerar os impostos (PIS-Cofins) que incide sobre o óleo diesel. Entretanto, o professor da FGV garantiu que as práticas não foram suficientes para conseguir reduzir o valor do combustível.
“Os governos estaduais decidiram manter o imposto nesse patamar, não teve aumento. Assim como governo federal que tenta medidas para reduzir os valores cobrados. O imposto não teve impacto nesse preço do Diesel, não foi o responsável por esses altos valores que estamos vendo no Brasil”, garantiu Rochlin.
A CNN perguntou ainda ao pesquisador qual foi o impacto desse aumento no diesel na vida da população brasileira. Ele ressaltou que a alta do combustível impacta a vida de todos os brasileiros, mas principalmente aqueles que trabalham em setores dependentes do diesel.
“À medida que você tem um crescente preço do diesel e uma alta na inflação, você contribui que as pessoas consumam menos e isso significa menos crescimento econômico no país. Toda a população é impactada diretamente. Tanto na hora de abastecer os carros e equipamentos, como indiretamente, pois está ligado a diversas cadeias produtivas. Precisamos do transporte rodoviário para tudo. É importante dizer que as pessoas que dependem do combustível são ainda mais impactadas”.
Um exemplo de como tudo isso está interligado pôde ser visto com clareza em 2018, quando caminhoneiros realizaram uma greve que paralisou as estradas em 24 estados do Brasil. Uma das reivindicações era relacionada à alta constante no preço do diesel, que na época custava em média R$ 3,768 por litro.
A paralisação causou escassez de alimentos, remédios, combustível e diversos outros produtos. Na época, o índice do de atividade do Banco Central mostrou um recuo na atividade de mais de 3% em maio, mês em que os atos eclodiram. Ao mesmo tempo, a indústria chegou a ter um tombo de 11% e a inflação registrou alta de 1% no mês seguinte, maior avanço desde 1995.

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