Valor Econômico
As vendas de etanol hidratado (que compete com a gasolina) em julho somaram 1,366 bilhão de litros, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), volume 10% menor que o de julho do ano passado e o segundo pior mês de consumo do biocombustível desde junho de 2020.
As vendas de etanol em julho de 2020 ainda refletiam, de maneira mais forte, os reflexos da pandemia sobre a circulação de carros. Agora, as vendas são afetadas pelo impacto da seca e das geadas nos canaviais, que reduziram a oferta de cana destinada para produção de etanol, disse Martinho Ono, diretor da SCA Trading. Com menos cana, as usinas estão priorizando a produção do etanol anidro para garantir a mistura à gasolina.
Outro fator, segundo ele, é o alto patamar do petróleo e do câmbio, que também estão elevando os preços do etanol que compete com a gasolina nas bombas.
Como a oferta de etanol hidratado está menor, os preços do bicombustível não estão oferecendo vantagem para os motoristas de nenhum Estado do país. Em São Paulo, maior polo de consumo, o preço do etanol hidratado estava em 75% do valor da gasolina em julho, e agora já está em 77%, distanciando-se do patamar de 70% em que ele é igualmente competitivo à gasolina na maior parte da frota flex. De janeiro a julho, as vendas de etanol hidratado somaram 10,6 bilhões de litros, um volume 8,7 bilhões de litros menor do que no mesmo período do ano passado.
Para Ono, o ritmo de produção de etanol neste ano deve dar conta de um consumo mensal de até 1,35 bilhão de litros. O cálculo considera que as usinas encerrarão mais cedo a moagem de cana por causa da falta de matéria-prima. Ele acredita que a maior parte das usinas encerrará a safra em outubro, 50 dias antes do usual. Se a demanda pelo biocombustível aumentar em algum mês, ele teme que a oferta não dê conta até o início da próxima safra.