e-Retrofit transforma caminhão usado a diesel em elétrico

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Estadão / Estradão

De maneira simplista, saem o motor a diesel, transmissão, filtros, sistema de exaustação e tanques de combustível. Entram inversores, motor elétrico, módulos eletrônicos e conjunto de baterias. Assim, em dois ou três dias, o caminhão usado fica pronto para continua trabalhando por muito mais tempo. Porém, movido 100% a eletricidade. Trata-se do chamado e-Retrofit.

Projetos de conversão se tornaram o foco de uma das unidades de negócio da Eletra. A empresa de São Bernardo do Campo (SP) é fabricante de ônibus eletrificados. A experiência acumulada desde 1999, quando a empresa foi fundada, permitiu a criação do e-Retrofit. Em outras palavras, trata-se de uma reforma completa, que inclui o sistema de propulsão elétrico para caminhões e ônibus.

Com isso, a empresa ampliou sua área de atuação. “Em grandes frotas, um caminhão costuma ficar em atividade entre oito e dez anos, em média. Depois, vai para o mercado de usados com uma expectativa de trabalhar por mais 20 anos, muito provavelmente sem manutenção adequada e continuando a poluir”, diz Iêda Maria de Oliveira, diretora executiva da Eletra.”

A princípio, não há qualquer impedimento em relação à idade do veículo. Isso porque a reforma também atualiza os outros sistemas do veículo. Por exemplo, eixos e suspensão. Bem como freios, que ganham sistema de regeneração de energia.

e-Retrofit customizado

Seja como for, a empresa faz a conversão em caminhões de 3,5 a 54 toneladas. Ou seja, de modelos para distribuição urbana a cavalos-mecânicos rodoviários. A autonomia varia de 50 km a 150 km.

“Os projetos são customizados de acordo com a necessidade da operação do transportador. Mas é a distribuição urbana que a eletrificação melhor atende”, diz a diretora da Eletra. “Diferentemente dos ônibus, que trabalham de 18 a 22 horas por dia, o caminhão urbano gasta muito tempo com as entregas. Porém roda pouco.”

E nas cidades há a maior concentração de poluentes. Logo, o retrofit contribui para acelerar a migração do transporte por veículos convencionais por outros mais limpos. Primeiramente, pesa a favor o custo. Ou seja, o processo é até 30% mais barato que um caminhão elétrico novo. Ou seja, no caso de um Volkswagen e-Delivery, que custa R$ 780 mil, a conversão sairia por cerca de R$ 550 mil.

Ainda não é o que uma pechincha. Isso porque um caminhão a diesel novo equivalente custa menos de R$ 300 mil. Contudo, o retrofit permite alcançar mais cedo as metas de sustentabilidade que cada vez mais empresas buscam. Afinal, o caminhão deixa de poluir e ganha sobrevida de, pelo menos, 15 anos.

Ciclo virtuoso

Além disso, a conversão coloca sob controle o destino dos componentes descartados. Assim, peças dos sistemas são recicladas. Portanto, voltam para a cadeia produtiva como matéria-prima, por exemplo.

“Olhar todo o conjunto tem um papel importante em projetos de redução de emissões. Além da eletrificação agregar valor à frota, garante fechar ciclos baseados na sustentabilidade. Ou seja, tira de circulação um caminhão velho, que retorna renovado e ecológico”, avalia Iêda

Nesse sentido, empresas têm batido na porta da Eletra com o objetivo de virar a chave nos negócios. A Ambev, por exemplo, anunciou o refrofit em 102 caminhões das transportadoras parceiros.

A decisão vem dos resultados positivos obtidos por dois caminhões que rodaram por São Paulo em fase experimental, um deles é um semipesado. “Talvez seja o único no País”, diz a diretora da Eletra.

De acordo com dados da cervejaria, o consumo médio dos caminhões elétricos é de 1 kWh/km rodado. O que significa economia superior a 70% na comparação com um modelo similar com motor a diesel. Além disso, cada litro de diesel que deixa de ser queimado evita a emissão de cerca de 2,6 kg de CO2 na atmosfera.

O Grupo Protege também aposta no serviço. Assim, mandou eletrificar um carro-forte sobre um chassi desmobilizado. Assim, é a única iniciativa do tipo conhecida no mundo. Além disso, o investimento foi de cerca de R$ 1 milhão. Bem como teve a parceira da MIB Blindados.

A princípio, o veículo atuará no transporte de valores na cidade de São Paulo. E, conforme estimativa da empresa, deverá gerar redução de até 65% no custo por quilômetro rodado. Além disso, o uso do caminhão elétrico evitará a emissão de 1,4 tonelada de CO2 por mês.

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