Valor Econômico
A pandemia ainda afeta a demanda por combustíveis na América Latina, aponta um estudo da consultoria S&P Global Platts Analytics antecipado ao Valor. De acordo com o relatório, a região continua a sofrer com as baixas taxas de vacinação e com a preocupação a respeito das variantes da covid-19, o que tem dificultado a recuperação do consumo de combustíveis no curto prazo.
Ainda assim, a Platts acredita que a região aprendeu a conviver com a doença e que é improvável que novas medidas de ´lockdown´ voltem a ser adotadas nos próximos meses.
“Esperamos que a maior parte das atividades econômicas permaneça relativamente normalizada e que o consumo de combustíveis siga de acordo com as projeções”, diz o gerente de análise de preços de petróleo e perspectivas regionais da Platts, Lenny Rodriguez.
Nesse contexto, a consultoria prevê que o volume processado de petróleo cru nas refinarias brasileiras vai ficar em 1,76 milhões de barris por dia no terceiro trimestre do ano, queda de 50 mil barris/dia em relação ao mesmo período do ano passado.
Rodriguez explica que o volume é mais alto do que os valores processados nos últimos anos, mas que ainda assim representa uma redução em relação a 2020, quando a atividade nas refinarias ficou acima das médias históricas.
A expectativa é que entre julho e setembro a demanda por etanol e gasolina no país cresça em 20 mil barris de gasolina por dia na comparação anual. Apesar do aumento em relação ao terceiro trimestre do ano passado, a Platts aponta que o consumo projetado ainda está 60 mil barris de gasolina por dia abaixo de igual período em 2019.
O analista ressalta que os combustíveis de aviação ainda são os que mais sofrem com os impactos da retração causada pela pandemia. Por outro lado, de acordo com Rodriguez, no caso do diesel, o consumo já se recuperou totalmente dos impactos da covid-19.
Ele aponta, no entanto, que a recuperação no diesel se deu, em parte, pela redução dos PIS-Cofins sobre o combustível. A redução tributária foi uma medida do governo federal, em meio à alta dos preços do barril de petróleo no mercado internacional.
“Em 2020, devido aos estímulos fiscais e à ausência de lockdowns nacionais durante períodos extensos, a demanda de diesel caiu apenas de forma modesta na comparação com 2019. Assim, apesar dos preços internacionais mais altos, o consumo de diesel tem se mantido crescente, conforme a economia volta a crescer”, diz.