O presidente Jair Bolsonaro voltou ontem a indicar que governadores deveriam reduzir impostos para ajudar a conter os preços de combustíveis.
Bolsonaro tem insistido nesse ponto desde o início do mandato, enquanto Estados têm dito que para eles abrir mão de arrecadação de forma abrupta traria um impacto negativo para suas finanças.
“O litro da gasolina é vendido a R$ 1,65 na refinaria. Se está R$ 6 ou R$ 7 o litro, que é um absurdo, e o imposto federal na casa dos R$ 0,70, vamos ver quem está sendo vilão nesta história. Não é o governo federal”, bradou, diante de uma plateia de apoiadores em discurso durante entrega de moradias populares em Manaus.
“Pensar nos mais humildes é zerar impostos, não aumentar impostos, e fazer com que os produtos de primeira necessidade na ponta da linha cheguem mais baratos”, disse.
O presidente citou também o preço do botijão de gás nas refinarias, que, segundo ele, custa em torno de R$ 45. E disse que o governo federal zerou o PIS/Cofins. Em março, quando o decreto foi editado, a estimativa do governo era de que o impacto por botijão seria em torno de R$ 2,18.
Na semana passada, em discurso no Nordeste, o presidente já havia estimulado a população a cobrar dos governadores que zerassem o ICMS do gás.
Bolsonaro também repisou ontem um discurso que distorce a decisão do STF que assegurou aos Estados e municípios autonomia para tomar medidas que tenham como objetivo tentar conter a propagação do coronavírus.
A corte, porém, não eximiu a União de coordenar ações de enfrentamento da pandemia e buscar acordos com os gestores locais. “Sabemos que a inflação está batendo na porta de vocês. Mas lá atrás, grande parte dos governadores e da nossa mídia querida disseram que deveríamos ficar em casa. Nós não paramos, apesar de estarmos praticamente alijados do combate à pandemia, a não ser enviando recursos a Estados e municípios”, alegou.Críticas ao isolamento social feitas por ele desde o início da pandemia foram amplamente encaradas por médicos e especialistas em saúde como estímulo para que parte da população desdenhasse dos cuidados e contribuísse para mais casos e mortes.