Empresa também diminui valor do diesel; caminhoneiros cobram repasse
Folha de S. Paulo
A Petrobras anunciou nesta quarta-feira (24) cortes em torno de 4% nos preços da gasolina e do diesel em suas refinarias. É a segunda redução no preço da gasolina e a primeira no diesel após a escalada que levou ao anúncio de demissão do presidente da estatal, Roberto Castello Branco, em fevereiro.
Segundo a companhia, a partir desta quinta-feira (25), a gasolina passará a ser vendida em suas refinarias por um preço médio de R$ 2,59 por litro, queda de 4% ou de R$ 0,11 por litro. O diesel terá corte de 3,8%, também R$ 0,11 por litro, para R$ 2,75.
As variações acompanham o recuo na taxa de câmbio: o dólar chegou a superar os R$ 5,80 no início do mês e até terça (23) era negociado em torno dos R$ 5,50. Nesta quarta, subiu para R$ 5,64.
No mercado internacional, o petróleo cedeu com a nova onda de Covid-19 na Europa, da faixa de US$ 70 para US$ 60. Nesta quarta, no entanto, a commodity recuperou parte das perdas em razão da interrupção do canal de Suez e subiu 5%, para US$ 64.
Em 2021, o preço da gasolina nas refinarias foi elevado seis vezes, com alta acumulada de 54%, até o primeiro corte, de 5%, na sexta-feira (19).
Em nota, a Petrobras reforçou que os preços dos combustíveis no Brasil são livres e os repasses aos postos dependem também de outros fatores, como tributos, custos para aquisição de etanol anidro e biodiesel e margens de lucro de distribuidores e revendedores.
Nos postos, o preço do diesel permaneceu em altana semana passada, mesmo após a isenção de impostos federais sobre o combustível, que representou desconto de R$ 0,30 por litro.
De acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o litro do diesel foi vendido na semana passada por um preço médio de R$ 4,274, alta de 1% em relação à semana anterior e de 2,15% em quatro semanas.
O patamar atual é superior ao verificado antes da greve dos caminhoneiros de 2018, considerando a correção pela inflação. É inferior apenas ao período mais crítico da paralisação, quando os preços nos postos estavam inflacionados pela falta de produto.
A CNTA (Confederação N acional dos Transportadores Autônomos) comemorou a decisão da Petrobras, mas cobra que os postos repassem imediatamente os cortes. “A grande pergunta que fica é se isso vai chegar à ponta”, diz o assessor técnico da entidade, Marlon Maues.
Ele afirma que as revendas de combustíveis aumentam rapidamente o preço quando há reajustes para cima nas refinarias e represam o repasse quando o reajuste é para baixo. A CNTA diz que está pedindo aos caminhoneiros para ajudar na fiscalização.
“Estamos convidando a categoria para que faça seu trabalho na ponta, de solicitar o repasse, de escolher postos que querem o bem da economia, o b em do Brasil e que não queiram levar vantagem com os aumentos abusivos.”
A isenção de impostos foi anunciada pelo presidente fair Bolsonaro no início do mês.
Mas o setor diz que o beneficio foi engolido pela elevação de outras parcelas do preço final, como o próprio diesel, o biodiesel e os impostos estaduais.
Na mesma semana da isenção, o preço do diesel nas refinarias havia sido reajustado em R$ 0,15 por litro nas refinarias da Petrobras e o percentual obrigatório de biodiesel, mais caro, subiu de 12% para 13% da mistura vendida nos postos.
Depois.no dia 15 de março, 18 estados e o Distrito Federal elevaram o preço de referência para o cálculo do ICMS, colocando ainda mais pressão sobre o combustível. Os estados alegam que apenas seguem o valor de bomba do produto, mas alguns governadores decidiram não repassar a alta.
De acordo com a ANR a gasolina também permaneceu em alta na semana passada, com preço médio de R$ 5,592 por litro, 1,8% acima do praticado na semana anterior. Em 2021, o preço do produto nas refinarias foi elevado seis vezes, com alta acumulada de 54%, até o primeiro corte, de 5%, na sexta passada (19).