Brasil exportará metade da produção de petróleo em 2021

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Valor Econômico

Metade da produção nacional de petróleo será exportada em 2021, segundo projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). De acordo com o Plano Decenal de Energia (PDE), colocado em consulta pública pela estatal, esta semana, a relação entre o volume de óleo bruto vendido no exterior e a produção nacional crescerá gradualmente nos próximos dez anos, dos 42% em 2019 para 65% em 2030.
A EPE estima que os embarques para o exterior totalizarão 1,63 milhão de barris/dia em 2021 e 3,43 milhões de barris/dia em 2030. Para efeitos de comparação, em 2020, no acumulado do ano até outubro, as exportações brasileiras somam cerca de 1,4 milhão de barris/dia, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
“Esse volume expressivo poderá alçar o Brasil como um dos cinco maiores exportadores do mundo, o que elevaria a importância e relevância do país no quadro geopolítico da indústria mundial do petróleo”, cita o PDE 2030.
Esse aumento das exportações acompanha o salto de 88,5% da produção nacional entre 2019 e 2030, para 5,26 milhões de barris/dia. Mesmo com o processo de abertura do refino, no Brasil, a EPE não estima “investimentos significativos na expansão da capacidade de refino” na década, o que também ajuda a explicar as expectativas de crescimento dos embarques de petróleo.
A EPE projeta apenas ampliações de pequeno porte nas refinarias existentes, de forma a adequar o parque nacional à demanda crescente de combustíveis de baixo teor de enxofre. Por outro lado, a entrada de novos operadores no setor deve reduzir a atual capacidade ociosa do parque de refino do país. De acordo com as projeções da estatal, responsável pelo planejamento energético do país, o fator de utilização das refinarias deve crescer nos próximos dez anos, de 75% em 2019 para 83% em 2030.
Apesar desse aumento na taxa, os derivados do petróleo devem perder espaço na matriz energética brasileira, de 38,9% para 35,8%, apesar de se manterem como a principal fonte de energia final. A expectativa é que o país se tornará mais eletrificado, com destaque para a expansão das renováveis e do gás natural dentro da matriz elétrica.
De acordo com o PDE, a geração de energia a partir das fontes solar e eólica deve atingir em 2030 uma fatia de 15% na capacidade instalada contratada para o Sistema Interligado Nacional (SIN), ante os 11% atuais. Juntas, as fontes solar e eólica devem acrescentar 6 gigawatts (GW) de geração centralizada na capacidade instalada contratada no período. A biomassa, por sua vez, deve ter sua participação elevada de 8% para 9%, e as grandes hidrelétricas e 63% para 64% – por meio da modernização de usinas já existentes. As termelétricas devem perder participação, de 14% para 8% e as pequenas centrais hidrelétricas devem se manter estáveis em 4%.
De acordo com a EPE, o crescimento da participação das renováveis na matriz vai gerar necessidade de expansão do sistema de transmissão para ampliar a capacidade de escoamento e de troca de suprimento entre as regiões. A expansão da transmissão para os próximos dez anos prevê investimentos de R$ 89,6 bilhões para a implantação de 37,4 mil quilômetros de linhas, um aumento de 24% na extensão do sistema.
A EPE projeta que uma segunda onda da pandemia de covid-19 pode levar a um crescimento mais lento da demanda de energia elétrica brasileira na próxima década. O prolongamento da crise sanitária pode reduzir a taxa média de crescimento de consumo para 2,9% ao ano entre 2020-2030, com a carga nacional chegando a 84,4 MW médios ao final do período.
Por outro lado, uma maior efetividade das políticas de combate à crise do novo coronavírus poderiam levar a uma alta anual de 4,2% – o que levaria a carga a 100,4 MW médios em 2030. O cenário de referência adotado pela estatal considera uma carga de 93,8 MW médios ao final da década.

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