Fonte: Epbr
É com otimismo que Marcelo Araújo, CEO da Ipiranga, projeta o mercado brasileiro de combustível para 2021.
Fortemente afetado pela pandemia de covid-19, o mercado de derivados chegou a encolher 70% nos piores dias para o setor, com efeitos mais acentuados na demanda por gasolina e etanol.
Do segundo trimestre para cá, a situação vem melhorando gradativamente, especialmente para o diesel, que já atinge os níveis de comercialização de 2019.
“Em 2021, deve continuar essa trajetória de recuperação e o volume de combustíveis no mercado brasileiro deverá superar o de 2019. O impacto foi uma defasagem de dois anos no crescimento da demanda de combustíveis, o que se recupera nos próximos anos”, afirma o executivo.
Marcelo Araújo participou nesta terça (1º) do Backstage Rio Oil & Gas 2020.
Com a venda das refinarias da Petrobras e as propostas em discussão no governo federal para mudanças na regulação do setor, o executivo acredita que estamos vivendo a maior transformação dos últimos 60 anos.
“O nosso modelo foi desenvolvido de forma eficiente, porém pouco dinâmico. Estimulou poucos investimentos. Temos um gap de infraestrutura e distribuição, que precisa ser superado”, analisa.
Citando dados de consultorias contratadas pela Ipiranga, Marcelo Araújo afirma que a demanda por novos investimentos em infraestrutura de combustíveis é estimada entre R$ 80 bilhões a R$ 100 bilhões nos próximos dez anos.
Renovabio
O executivo demonstrou preocupação com o Renovabio. Segundo Marcelo Araújo, o programa é fundamental para o país, mas é preciso evitar distorções que levem a um encarecimento dos combustíveis para o consumidor final.
“Temos que evitar grandes distorções que façam os preços terem altíssima volatilidade, o que pode distorcer o programa e comprometer sua eficácia para o futuro. É o grande cuidado que temos que ter”, diz.
O Renovabio é um programa federal que obriga as distribuidoras a comprar créditos de descarbonização emitidos por produtores de biocombustíveis. É uma política criada para fomentar a produção, principalmente, de etanol e biodiesel.
Este ano, dada a crise no setor, o governo federal reduziu pela metade a obrigação de compra desses créditos pelas distribuidoras, mas há uma articulação capitaneada pela Brasilcom para nova redução das metas.
“As metas que foram desenhadas no ano passado precisavam ser rediscutidas e o Ministério de Minas e Energia abriu a discussão. Mas, infelizmente, houve uma distorção grande, o preço disparou e pressionou o caixa das distribuidoras menores”, afirma o executivo da Ipiranga.