Valor Online
Ao detalhar o seu novo plano estratégico, a Petrobras anunciou ontem que espera chegar a 2025 com 80% de sua produção oriunda do pré-sal, ante o percentual de 67% estimado para 2021. A companhia caminha para se tornar uma petroleira concentrada, sobretudo, na costa do Sudeste. A estatal sinalizou, no entanto, que manterá investimentos de ao menos US$ 3 bilhões em águas profundas em outras regiões do país.
A petroleira vai investir US$ 46,5 bilhões em exploração e produção do próximo ano a 2025, dos quais 36% serão absorvidos pelo principal trunfo da companhia hoje no pré-sal da Bacia de Santos: o campo de Búzios. A Bacia de Campos também segue nos planos e vai receber US$ 13 bilhões nos próximos cinco anos, apesar dos desinvestimentos de campos maduros e em águas rasas em curso na região.
O foco da Petrobras está no Sudeste, mas a estatal também pretende investir 6,5% do orçamento da área de exploração e produção – cerca de US$ 3 bilhões – em novas fronteiras no Norte e no Nordeste. A empresa prevê US$ 1 bilhão em investimentos em exploração na margem equatorial, onde atualmente opera 15 blocos nas bacias Potiguar, Barreirinhas, Foz do Amazonas e Pará-Maranhão.
As atividades na margem, contudo, geraram controvérsias nos últimos anos e as companhias têm tido dificuldade para obter licenças ambientais para trabalhos na área, sobretudo na Bacia do Foz do Amazonas.
A Petrobras pretende destinar, ainda, mais US$ 2 bilhões para o desenvolvimento da produção em águas profundas de Sergipe – a primeira plataforma do projeto, prevista inicialmente para 2024, porém, não está mais no horizonte do plano. O valor previsto para a região deve vai ser usado na perfuração de poços e nas primeiras contratações de itens da plataforma. “Ainda estamos ajustando quando vai ser [a entrada em operação da plataforma]”, disse o diretor executivo de exploração e produção, Carlos Alberto Oliveira.
A área de E&P absorverá, ao todo, 84% dos investimentos da Petrobras para 2021-2025. A empresa, contudo, espera destinar cerca de US$ 9 bilhões para atividades em outras áreas de negócios, sendo US$ 3,7 bilhões no segmento de refino. Ao todo, 35% desse volume em projetos de eficiência operacional.
Destaque também para o investimento de US$ 590 milhões no projeto de lubrificantes do Polo Gaslub, no Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí (RJ). A empresa estuda integrar o projeto à Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense.
Já a área de gás e energia vai receber investimentos de US$ 1,1 bilhão nos próximos cinco anos. Parte do valor vai para unidades de processamento de gás (UPGNs), sobretudo em Itaboraí, que absorverá o gás trazido pelo gasoduto Rota 3, no pré-sal da Bacia de Santos. Outros projetos incluem melhorias nas termelétricas a gás.
A estatal vai manter dez usinas próprias no portfólio de gás e energia até 2025. “Mantemos foco nas unidades de maior eficiência”, disse a diretora de refino e gás, Anelise Lara.