Fonte: Valor Econômico
Num ano ruim para a indústria petrolífera, frente à contração sem precedentes da demanda global, a Petrobras revisou para cima a sua projeção de produção de óleo e gás. A previsão da companhia é encerrar 2020 com produção média de 2,84 milhões de barris diários de óleo equivalente (BOE/dia) – com variação de 1,5% para cima ou para baixo. A meta inicial era produzir este ano, ao todo, 2,7 milhões de BOE/dia.
A produção de petróleo, em si, deve totalizar 2,28 milhões de barris/dia – ante a meta original de 2,2 milhões de barris/dia. Os números acima do esperado podem ser atribuídos, em parte, à postergação das paradas para manutenção das plataformas. A estatal informou, no relatório de produção e de vendas do terceiro trimestre, divulgado ontem, que o cenário de contingência da pandemia de covid-19 continua limitando os efetivos a bordo, o que levou a petroleira a adiar parte dos trabalhos de manutenção do quarto trimestre para o início de 2021.
No terceiro trimestre, a Petrobras produziu, em média, 2,36 milhões de barris/dia de petróleo no Brasil, o que representa alta de 5,3% ante o segundo trimestre e de 4,4% na comparação anual. O pré-sal respondeu por 69,8% desse total, ou seja, média de 1,651 milhão de barris/dia – alta de 8,1% em relação ao segundo trimestre e de 20,8% na comparação anual.
Por outro lado, caiu a produção em terra e águas rasas, regiões de onde a estatal está de saída. No “onshore”, foram produzidos 101 mil barris/dia, retração de 6,5% frente à média de abril a junho e de 17,9% em relação ao terceiro trimestre de 2019. Em águas rasas, por sua vez, a petroleira produziu 30 mil barris/dia, declínio de 18,9% ante o segundo trimestre deste ano e de 56,5% na comparação anual – justificada pela hibernação de 63 plataformas na região.
Já no pós-sal em águas profundas e ultraprofundas, onde estão concentrados os grandes campos maduros da empresa, foram produzidos 581 mil barris/dia – alta de 1,4% ante o segundo trimestre, mas queda de 17,7% frente ao terceiro trimestre de 2019.
Somando-se à produção de óleo e gás, a Petrobras produziu no terceiro trimestre, ao todo, 2,952 milhões de BOE/dia, o que representa crescimento de 5,4% ante o período entre abril e junho e de 2,6% frente à comparação anual.
A estatal atribui o resultado ao crescimento gradual da plataforma P-70, que entrou em operação no fim de junho, em Atapu, no pré-sal da Bacia de Santos. A empresa também cita o aumento da eficiência operacional de Búzios, devido à ampliação temporária da capacidade de processamento de óleo e gás das embarcações, enquanto o gás do campo não é escoado. Com isso, a petroleira registrou, em setembro, recorde de produção mensal para um poço no Brasil: 69,6 mil BOE/dia no poço BUZ-10.
Acompanhando o crescimento da produção no terceiro trimestre, a Petrobras anunciou novo recorde de exportações de petróleo em setembro: média de 1,06 milhão de barris/dia. No terceiro trimestre, por sua vez, a média dos embarques para o exterior ficou em 983 mil barris/dia, volume 2,2% abaixo do registrado entre abril e junho, períodos mais críticos da contração da demanda interna. Na comparação com o terceiro trimestre de 2019, houve alta de 22,7% nos dados de exportação.
O relatório mostra, ainda, uma gradual recuperação do mercado brasileiro. As vendas de derivados subiram 17,6% no período, em relação ao segundo trimestre, embora ainda tenham ficado 2,4% abaixo dos patamares do terceiro trimestre de 2019. De acordo com a estatal, o resultado reflete a flexibilização das medidas de restrição à mobilidade. Com isso, o fator de utilização das refinarias alcançou uma média de 83% entre julho e setembro, ante os níveis de 70% do segundo trimestre.