Fonte: Automitive Business
Se estagnação piorar, entidade prevê corte inicial de 20% dos 315 mil empregados em concessionárias no País
Após a estagnação das vendas causada pelas medidas de isolamento social para conter a pandemia de coronavírus no País, a Fenabrave aponta para o provável cenário de demissões entre as 315 mil pessoas que trabalham nas 7,3 mil revendas integrantes do sistema de distribuição de veículos. A entidade que reúne os concessionários já encaminhou a diferentes esferas de governo e instituições financeiras uma série de pedidos de medidas para mitigar os efeitos da severa crise e evitar o colapso do setor.
Após as medidas de quarentena para frear o contágio pela Covid-19, o movimento nas concessionárias de veículos caiu a quase zero e o movimento de emplacamentos diários, acima de 10 mil por dia útil nas primeiras duas semanas do mês, caíram abaixo de mil em boa parte dos dias da segunda quinzena do mês.
Segundo dados do Renavam consolidados pela Fenabrave, em março foram emplacados no País 163,6 mil carros, utilitários leves, caminhões e ônibus, resultado que representa forte retração de 18,6% sobre fevereiro e de 21,8 na comparação com o mesmo mês de 2019. No acumulado do primeiro trimestre foram vendidos 558 mil veículos, em queda de 8% comparativamente a iguais três meses do ano passado.
Já está certo que paralisação econômica causada pela pandemia deverá provocar forte retração das vendas de veículos no Brasil em 2020, mas a associação dos concessionários prefere esperar para refazer suas previsões, que no início do ano indicavam crescimento em torno de 9%. Para o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr., ainda não é possível revisar as projeções do setor, em função da falta de previsibilidade de retorno do comércio e dos reais impactos ao final do período de quarentena.
CONCESSIONÁRIAS PARADAS E DEMISSÕES À VISTA
Segundo Assumpção Jr., no mês de março todo o setor de distribuição oficial das montadoras foi drasticamente impactado pelas medidas de contenção da pandemia de coronavírus. Quase todas as 7,3 mil concessionárias do País foram obrigadas a fechar seus showrooms de vendas, apenas algumas oficinas permanecem abertas para atender caminhões, ambulâncias e outros veículos essenciais para serviços de primeira necessidade, como os ligados à saúde e alimentação. A situação deve persistir igual em abril e o dirigente alerta que já existe séria ameaça aos 315 mil empregos do setor.
“Sabemos que a prioridade é a saúde da população, mas a continuar como está, em um mês de estagnação, cerca de 20% dos empregos do nosso setor podem ser comprometidos, pois os concessionários estão sem receita e têm despesas fixas. As concessionárias estão segurando a situação como podem, antecipando férias, utilizando banco de horas, mas chegará um momento em que isso não se sustentará”, alerta Alarico Assumpção Jr.
MEDIDAS PARA MITIGAR OS EFEITOS DA CRISE
Para atenuar a situação dos empresários do setor, a Fenabrave informa que encaminhou diversos pleitos aos órgãos de governos federal, dos estados e municípios, além de BNDES e instituições financeiras. Entre os pedidos, segundo a entidade alguns já foram atendidos, como a autorização de funcionamento das oficinas das concessionárias em algumas cidades, para a realização de serviços essenciais e de garantia.
Mas ainda existe uma ampla lista de pedidos de medidas encaminhados a autoridades e entidades ligadas ao setor, que muitas vezes são comuns às demandas já apresentadas por outros setores. Até o momento, a Fenabrave solicitou as seguintes ações:
• Suspensão de pagamento do IPVA aos estados;
• Criação de linha de crédito especial do BNDES para concessionários;
• Desoneração da folha de pagamentos e encargos ao governo federal, que também está sendo solicitado a reduzir ou postergar o recolhimento de tributos por 120 dias;
• Solicitação às entidades que representam as instituições financeiras para que não sejam elevadas as taxas de juros, tanto para empresas como para pessoas físicas;
• Solicitação às instituições financeiras para liberação de crédito para a compra de tratores e máquinas agrícolas sem o registro das cédulas em cartório.
“Não estamos pedindo benefícios. Estamos solicitando medidas de contenção para evitar o colapso do nosso e de outros setores importantes para a nossa economia. Já passamos por uma forte crise recente e devemos tentar mitigar os impactos desta nova crise, para que quando a pandemia passar as empresas continuem abertas, gerando empregos”, enfatizou Alarico Assumpção Jr.