Fonte: Reuters
As fortes quedas verificadas nos preços globais do petróleo nos últimos dias vão afetar negativamente as margens e fluxos de caixa dos produtores de açúcar e etanol do Brasil, afirmou nesta sexta-feira a agência de classificação de riscos Fitch.
Com o valor mais baixo do petróleo, a competitividade do concorrente etanol deve diminuir, fazendo com que a tendência seja de que o setor sucroalcooleiro altere o mix de produção em favor do adoçante.
“Isso pode criar um excesso de oferta, reduzindo os preços internacionais do açúcar. Como maior exportador de açúcar do mundo, o Brasil tem a capacidade de elevar a oferta global de açúcar muito rapidamente, o que pode deprimir os preços internacionais”, disse a Fitch em relatório.
A agência mencionou a correlação dos reajustes realizados pela Petrobras no valor dos combustíveis nas refinarias com o etanol. Na quinta-feira, a petroleira cortou em 9,5% o preço da gasolina e em 6,5% o do diesel.
“Uma retroalimentação para a queda dos preços do etanol é inevitável, com o impacto final dependendo de quão rápido e em qual magnitude a Petrobras ajuste os preços domésticos (de combustíveis)”, disse a agência.
As cotações do petróleo vêm em queda livre neste ano, com a commodity recuando praticamente pela metade diante dos impactos de demanda causados pela pandemia de coronavírus e de uma guerra de preços entre Arábia Saudita e Rússia.
O valor do açúcar nos mercados internacionais tende a acompanhar os preços da energia. O contrato maio do açúcar bruto atingiu uma mínima de cinco meses na quinta-feira, a 11,53 centavos de dólar por libra-peso.
Importância do “hedge”
Para a agência, empresas com “alta flexibilidade produtiva e estratégicas eficientes de ‘hedge’ (fixação de preços)”, como Raízen, Biosev e Jalles Machado, estão mais bem posicionadas para enfrentar o cenário.
A Fitch estima que 70% das exportações projetadas para a safra 2020/21 já estejam com preços fixados, elevação de 12 pontos percentuais em relação a igual período da safra anterior.