Fonte: Money Times
O Goldman Sachs é o primeiro grande banco de Wall Street a prever queda da demanda global por petróleo em 2020. Seria apenas a quarta vez que isso aconteceria em quase 40 anos.
A sombria previsão segue consultores influentes do mercado de petróleo como Facts Global Energy e IHS Markit, que também publicaram alertas semelhantes, o que cria um cenário complicado para a reunião da Opep e seus aliados nesta semana em Viena.
O grupo enfrenta um grande desafio: fazer com que os países concordem com um corte de produção suficientemente profundo para impedir que os preços caiam ainda mais, ao mesmo tempo em que as perspectivas de demanda diminuem com a propagação do coronavírus.
O Goldman prevê queda da demanda global por petróleo em 150 mil barris por dia, enquanto a FGE projeta que o consumo diminuirá em 220 mil barris por dia.
A propagação do coronavírus da China pelo mundo ameaça o crescimento econômico – e a demanda por combustível -, já que empresas proíbem viagens e cadeias de suprimentos sofrem interrupções. Na terça-feira, o Federal Reserve dos EUA fez um corte de emergência das taxas de juros para combater o impacto econômico.
Em relatório, a IHS Markit previu que a demanda global por petróleo cairá em 3,8 milhões de barris por dia no primeiro trimestre em relação ao ano anterior, o que seria o maior declínio da história. Mesmo que haja uma recuperação no segundo semestre, o consumo anual poderia ficar abaixo do total de 2019, disse a consultoria.
A China, maior importadora de petróleo do mundo, deve registrar queda da demanda por combustível em 36% no primeiro trimestre, segundo pesquisadores ligados à China National Petroleum (CNPC), gigante estatal de petróleo. Isso resultará em excesso de cerca de 200 milhões de barris no mercado, disseram os pesquisadores em relatório de 28 de fevereiro.
Após reunião na terça-feira, o Comitê Técnico Conjunto da Opep+ sugeriu redução adicional da oferta entre 600 mil e 1 milhão de barris por dia durante o segundo trimestre, disseram os delegados. Seria potencialmente um corte maior do que o recomendado no mês passado, mas ficaria aquém de algumas estimativas do impacto do surto na demanda.
Desde 1984, a demanda por petróleo tem crescido todos os anos, exceto em três ocasiões: em 2008 e 2009, durante a crise financeira global, e em 1993, quando os EUA se recuperavam de uma recessão.
A Agência Internacional de Energia ainda prevê crescimento no consumo de petróleo de cerca de 800 mil barris por dia em 2020, 30% a menos do que o previsto antes do surto e bem abaixo da média de 10 anos, de 1,3 milhão de barris por dia. Mas essa perspectiva, baseada na contenção do vírus na China, foi divulgada em 13 de fevereiro e, desde então, a crise piorou.