Fonte: Reuters
O Ibama confirmou que o petróleo que misteriosamente atinge praias do Nordeste é venezuelano, mas isso não significa necessariamente que a Venezuela seja a responsável pelo vazamento, disse nesta quinta-feira o chefe do órgão.
“Este óleo é venezuelano. O DNA é venezuelano. É uma certeza, é uma afirmação, não uma especulação”, disse o presidente do Ibama, Eduardo Bim, em uma audiência no Senado na quinta-feira.
“Significa que a Venezuela é responsável? Não, isso é uma outra questão.”
Bim disse que a agência estava cautelosa ao divulgar linhas de investigação para evitar “más informações” e “problemas diplomáticos”.
Desde setembro, o governo investiga o petróleo que continua se espalhando por centenas de quilômetros da costa brasileira nos Estados do Nordeste.
Um relatório da Petrobras indicou primeiramente que o produto tinha propriedades do petróleo venezuelano, mas o governo posteriormente conduziu sua própria análise confirmando as características do óleo, disse Bim.
A Venezuela negou na semana passada responsabilidade no caso.
Segundo Bim, não há dúvida de que o derramamento de óleo tem natureza criminosa, pois, caso contrário, o vazamento teria sido relatado internacionalmente. Mas ainda não se sabe de onde está vindo o petróleo, acrescentou.
“Acho que uma transferência de navio a navio (“ship to ship”) é a mais provável, mas temos que investigar e não descartamos nenhuma causa possível”, disse Bim.
As transferências de navio para navio ocorrem quando o óleo é transferido entre embarcações no mar.
As barreiras para impedir que o óleo chegue à praia, por exemplo, não têm sido eficazes, admitiu ele.
A melhor resposta por enquanto é limpar o óleo assim que ele chega às praias, o que Bim disse que os Estados brasileiros têm feito bem, com a ajuda de equipes treinadas pela Petrobras, que deverá ser ressarcida pelo trabalho.
A Petrobras coletou mais de 200 toneladas de resíduos oleosos, informou a companhia na quarta-feira, ressaltando ter mobilizado cerca de 1.700 agentes ambientais para limpeza das áreas impactadas na região e mais de 50 empregados para planejamento e execução da resposta às manchas.
O volume de óleo nas praias permanece relativamente estável e não está claro se está aumentando ou diminuindo, disse o presidente do Ibama.
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Até agora, as autoridades não conseguiram prever para onde o petróleo deve seguir, disse Bim.
“Saber de antemão onde aparecerão (as manchas) não é tão fácil quanto parece”, disse.
Na véspera, o Ibama atualizou dados sobre as manchas de petróleo, dizendo que até aquele momento eram 178 localidades afetadas, contra 167 na terça-feira, em nove Estados.
A afirmação do presidente do Ibama vai na linha do que disse à Reuters, nesta quinta-feira, uma fonte da Petrobras.
“Enquanto não soubermos o que de fato aconteceu, vai ficar difícil prever quando o vazamento vai parar… se afundou um navio com grande carregamento de óleo, o vazamento pode ainda estar acontecendo”, disse a fonte, que preferiu não ser identificada.
Uma outra fonte de um órgão do Estado indicou que seguem as incertezas sobre a origem do vazamento.
“Acho que lavagem de tanque (de navio) não foi”, afirmou, considerando o grande volume retirado das praias.
Para essa pessoa, que falou na condição de anonimato, as principais hipóteses para a origem do petróleo são uma eventual atividade de “ship to ship” ou algum outro tipo de vazamento a partir de um navio.
Ainda nesta quinta-feira, a Marinha brasileira informou, em comunicado, que encontrou e recolheu um tambor de 200 litros de óleo durante uma ação de monitoramento das manchas na região de Natal (RN). O barril estava fechado e não apresentava vazamento.
Segundo o órgão militar naval, uma amostra do líquido foi recolhida e enviada para análises.
“Os dados disponíveis até o momento não permitem concluir se esse episódio tem relação com os outros tambores encontrados no litoral de Sergipe ou com o óleo que tem se espalhado nas praias do Nordeste”, disse a Marinh