Carros elétricos: custo alto e falta de pontos de recarga são barreiras

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Fonte: Correio Braziliense

A isenção de Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) para donos de veículos elétricos no Distrito Federal depende da Câmara Legislativa. O projeto de lei será encaminhado pelo GDF e faz parte do pacote de estratégias para tornar Brasília uma referência em cidade inteligente. A intenção do governador Ibaneis Rocha é garantir o benefício por cinco anos. “É uma modernidade que está chegando, diminui a questão da poluição e é uma tentativa que nós vamos fazer para incentivar as pessoas a usarem os carros elétricos”, afirmou Ibaneis, no lançamento do programa Vem DF. O chefe do Palácio do Buriti também estuda a isenção para proprietário de carros híbridos. “Vamos entregar Brasília no primeiro lugar dentro do país nessa questão da tecnologia avançada e dos recursos renováveis.”
Segundo a Associação Brasileira dos Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores (Abravei), os transportes, em geral, são responsáveis por 46% das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). O presidente da entidade no DF, Rogério Markiewicz, acredita que, para alcançar o status de cidade sustentável, é necessária a implementação massiva de mobilidade elétrica. “Focar na redução de gás carbônico é uma questão de saúde pública, e o governo precisa, cada vez mais, elaborar políticas públicas que incentivem esse tipo de transporte”, defendeu.
O preço desse tipo de veículo, no entanto, é uma barreira. O modelo mais barato no mercado custa cerca de R$ 120 mil, enquanto um carro movido a combustão com potência e equipamentos similares custa, em média, três vezes menos. “São medidas como a isenção de impostos que vão ajudar a popularizar os veículos e a torná-los mais acessíveis. Então, esse é o caminho”, afirmou Rogério. Para ele, os próximos investimentos devem privilegiar pontos de recarga interestaduais. “Outro ponto essencial é o olhar para a coletividade, com a expansão de ônibus elétricos, por exemplo”, completou.
Quem tem um carro elétrico também deve ser contemplado com a isenção. A intenção do governador é oferecer a vantagem até completar o quinto ano do automóvel, a partir da aprovação da lei. Dono de uma BMW i3, o engenheiro civil Paulo Henrique Vasconcelos, 44 anos, comemorou o anúncio. Há dois anos e meio, ele tem o veículo e acredita que o modelo é o futuro, principalmente pela tecnologia e pelo cuidado com o meio ambiente.
Desde que comprou o carro elétrico, ele usa o CarbonZ, um aplicativo que mede quanto de gás carbônico o motorista deixou de emitir com a novidade. “Economizei mais de 8,7 toneladas de gás carbônico, segundo as estatísticas do aplicativo. As pessoas conhecem o óbvio dos carros elétricos, que é o apelo ecológico. Mas tem uma economia por trás disso tudo. Conforto, aceleração rápida, entre outros”, contou o engenheiro.
A arquiteta Luiza Fontana também investiu no mesmo modelo e aproveita o sistema de captação de energia solar instalado em casa, no Plano Piloto, para carregar o veículo. “Não tenho gasto com gasolina. Carrego a carro a cada dois dias, por mais ou menos uma hora e meia. Ele não polui, não faz barulho nenhum”, elogiou.
No aguardo
Ainda assim, os veículos elétricos ainda provocam insegurança nos consumidores. O tabelião Diovani Santa Bárbara, 45, decidiu presentear a mulher, Graciela Rivalta, 36, com um carro, mas preferiu não arriscar e optou por um modelo a combustão. “A gente vê que é algo que expande no exterior. No Brasil, não está em pleno funcionamento e não tem muitos pontos de recarga. Por isso, eu prefiro esperar mais um pouco”, disse.
O casal saiu do Maranhão e, na visita a Brasília, comprou um carro. “Pensou se a gente volta com um carro que exige recarga? Não conseguiríamos chegar em casa. Quem sabe mais para a frente o investimento não muda? Tudo que tem tecnologia é bom. E eu, como consumidor, acredito que possa ser o futuro”, concluiu Diovani.
Não há levantamento sobre o total de carros elétricos no DF, mas o governo local estima pouco mais de 100 veículos. No Brasil, são mais de 16 mil, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (Abve). Nos próximos cinco anos, a entidade projeta um crescimento do mercado de veículos leves elétricos e híbridos de 300% a 500%.
No detalhe:
Compare as características dos veículos elétricos e por combustão:
Prós
» Menor custo por quilômetro rodado
» Manutenção mais barata e menos frequente
» Menos emissão de gás carbônico
» Silencioso
Contras
» Preço mais alto dos veículos
» IPVA mais caro
» Baixa oferta de postos de abastecimento, principalmente em estradas
Iniciativa privada
Nem só para uso pessoal os carros elétricos e híbridos são comprados. A empresa Arena BSB, gestora do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, investe no modelo e pretende ampliar nos próximos meses. A companhia conta com duas BMW 530e. Elas são híbridas plug-in, ou seja, funcionam de forma elétrica e entram no modo combustão caso o veículo descarregue. O presidente do empreendimento, Richard Dubois, contou que o intuito era comprar um veículo de outra categoria, mas observou mais vantagens no híbrido. “O outro carro era mais barato, mas os benefícios que temos com a nossa escolha ultrapassam o valor que pagamos a mais”, contou. Após as aquisições, Richard concluiu que o quilômetro rodado no elétrico é um terço do custo do veículo a gasolina. Outra vantagem, segundo ele, são o custo da manutenção e o maior período entre elas.
Para saber mais
Pontos de recarga
Brasília é a primeira cidade brasileira a introduzir no Código de Obras a obrigatoriedade de instalação de pontos de recarga em construções com garagens acima de 200 vagas. De acordo com o documento, nesses casos, “0,5% delas devem ter ponto de recarga para automóveis elétricos e híbridos.” Atualmente, 11 estados brasileiros adotam a isenção ou a redução do IPVA como forma de incentivar a compra de veículos elétricos, de acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (Abve). São eles: Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Ceará, Sergipe, Rio Grande do Norte, Pernambuco, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná.

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