Fonte: O Estado de S.Paulo
A Petrobras Distribuidora, a BR, será uma nova empresa a partir de 2021. Nos próximos dois anos, a diretoria vai implementar um conjunto de dez iniciativas para alinhar a companhia às suas principais concorrentes – Ipiranga e Raízen. Hoje, a BR é a maior distribuidora do País, mas é também a que tem a menor rentabilidade do mercado. Essa condição apenas será abandonada com a implementação das medidas, disse o presidente da empresa, Rafael Grisolia.
“Os anos de 2019 e de 2020 são anos de execução, quando vamos trabalhar cada vez mais para a entrega dessas dez iniciativas de forma conjunta. A partir de 2021, conseguiremos ver o resultado desse esforço, que faremos tão intensamente e com tanto entusiasmo, agora, com a BR privatizada”, afirmou o executivo a analistas, em teleconferência para detalhar o lucro de R$ 302 milhões no segundo trimestre, divulgado na última quarta-feira.
Com a conclusão, na semana passada, da privatização da distribuidora, que deixou de ser controlada pela Petrobras, algumas mudanças já começaram a acontecer. O antigo regime de licitação para a compra de equipamentos, de acordo com as regras previstas na Lei das Estatais, foi substituído por um sistema de “contratação efetiva e negocial, tentando seguir as melhores práticas de mercado”, disse Grisolia.
Além disso, em até duas semanas, serão divulgadas as indicações para o novo conselho de administração, que ainda devem passar pelo crivo dos acionistas, em assembleia. A votação tem que acontecer no prazo de 40 dias após a privatização, mas, antes disso, os investidores devem ser informados dos nomes propostos pelo atual conselho de administração. A ideia é que a cúpula da nova BR seja forma por especialistas de perfil diversificando, das áreas de distribuição de combustíveis, finanças, varejo, tecnologia e meios de pagamento.
A nova Petrobras Distribuidora também vai se valer da marca forte da estatal para avançar no mercado, principalmente, com a atração de postos revendedores de bandeira branca. Ao mesmo tempo, vai adotar estratégia de redução de custos, com revisões de contratos com fornecedores. E vai buscar um equilíbrio entre a melhor margem de lucro e a maior participação de mercado.
Ao contrário do que aconteceu nos primeiros meses deste ano, a empresa não quer mais conquistar espaço e volume de venda com a retração de preços. “Não é só melhorar via preço, mas também via custo logístico. Esperamos ver os primeiros reflexos nos próximos trimestres”, disse o presidente da empresa.
Na condição de maior compradora de derivados no Brasil, a BR espera também tirar vantagens da privatização de refinarias pela Petrobras. “A gente espera que, com a abertura do refino, outras oportunidades apareçam. Que oportunidades a gente vai ter em futuras negociações com eventuais novos donos de alguma refinaria?”, destacou Grisolia. Ele afastou interesse em ativos de refino e de produção de etanol.
Já o diretor Financeiro da distribuidora, André Natal, destacou durante a teleconferência que, na condição de empresa de capital pulverizado, a BR terá mais liberdade para vender ativos que não tenham relevância para o negócio principal, de transporte e comercialização de combustíveis.