Fonte: Valor Online
Após a intervenção do governo no preço do diesel para acabar com a greve dos caminhoneiros, a importação do produto entrou em queda. Em junho e julho, a redução em valores foi de 23,9% e 14,2%, respectivamente, na comparação com o mesmo período do ano passado, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).
A queda começou em junho, logo após a criação dos subsídios ao produto, e interrompeu a série de altas que vinha desde o começo do ano. Na comparação com um ano antes, a importação de diesel subiu 141% em janeiro, registrou estabilidade em fevereiro, avançou 48,7% em março, 67,9% em abril e 16,7% em maio.
Em volume, a importação começou a cair (8,5% na comparação com um ano antes) em maio, justificada por especialistas pela greve dos caminhoneiros naquele mês.
O presidente-executivo da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, afirma que a decisão do governo de trabalhar com um preço inferior ao praticado no mercado internacional inviabiliza as importações. Ele diz que, mesmo havendo subsídio também na compra do diesel estrangeiro, a operação deixa de ser atrativa pois não compensa o custo. “Os independentes interromperam suas operações porque o preço no mercado interno está inferior ao do externo”, disse Araújo.
Para agravar a situação, diz, o governo está repassando com atraso o pagamento do subsídio, o que ainda levanta dúvidas sobre esse programa - que destinou R$ 9,5 bilhões para a redução de R$ 0,30 no preço por litro de diesel na bomba. Segundo ele, o atraso de pagamento chega a R$ 80 milhões para as empresas ligadas à entidade. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) informou que os procedimentos para os pagamentos estão sendo atualizados e que em breve serão normalizados. Mas não se comprometeu com prazos.
Na avaliação de técnicos do governo, a queda nas importações do diesel é pontual e deve ser revertida no decorrer do ano. Para a coordenadora de Pesquisas da FGV Energia, Fernanda Delgado, a greve dos caminhoneiros fez cair o consumo e, por isso, mexeu com a importação.
"A intervenção do governo não é saudável. Para jogar preços para baixo, é preciso ter concorrência, estimular a entrada de players privados. Mas para isso é necessária paridade com o mercado internacional", diz Fernanda. Para ela, as regras para recebimento dos subsídios não são claras.
A balança comercial de petróleo de janeiro a julho teve saldo de US$ 5,701 bilhões, crescimento de 50% em relação a igual período de 2017. A exportação cresceu 26,4% (US$ 17,255 bilhões) e a importação subiu 17,5% (US$ 11,554 bilhões). (Colaborou Fábio Pupo)