Fonte: Reuters
As ações da Petrobras fecharam com queda de mais de 14 por cento nesta segunda-feira, engatando
o oitavo pregão de perdas, com investidores ainda receosos acerca de ingerência governamental na
companhia, conforme as negociações para encerrar a greve dos caminhoneiros envolveu também a
petroleira de controle estatal.
Os papéis preferenciais encerraram em queda de 14,6 por cento, para 16,91 reais, menor valor
desde 10 de janeiro, enquanto PETROBRAS ON recuou 14,07 por cento, a 19,79 reais, mínima desde
23 de janeiro, com perda de cerca de 40 bilhões de reais em valor de mercado.
Desde o último dia 18, quando começaram os primeiros rumores envolvendo discussão sobre preços
de combustíveis, a Petrobras acumulou uma perda de valor de mercado de 127,5 bilhões de reais.
Da máxima do ano, alcançada em 16 de maio, a perda alcança 146 bilhões de reais, resultado de
oito pregões seguidos de queda.
Após anúncio de medidas pelo governo federal na véspera, a Petrobras informou nesta segunda-
feira que manterá por 60 dias uma redução nos preços do diesel rodoviário e que, após esse
prazo, os reajustes do combustível passarão a ser mensais, e não mais até diários como ditava a
política da companhia em vigor.
A companhia disse que será ressarcida pela União pela redução adicional —além da já anunciada na
semana passada— e que isso não incorrerá em prejuízo para a companhia.
“O fato de que a viabilidade da política de preços da Petrobras depende da concessão subsídios
ainda deve levar a questionamentos no mercado”, escreveu a equipe de estratégia e análise da XP
Investimentos em relatório a clientes. “Ainda restam dúvidas sobre como será a forma de
pagamento do reembolso pelo governo (e como isso impactará resultados), e qual o nível de prêmio
e margens de refino que a empresa conseguirá manter quando retomar os reajustes de diesel após
60 dias.”
Uma fonte próxima à estratégia da Petrobras disse à Reuters que a companhia quer receber
antecipadamente os recursos referentes ao congelamento do diesel por 60 dias anunciado por
Temer, até para que não haja uma má sinalização para o mercado, que já penalizou duramente suas
ações.
Analistas do UBS também afirmaram enxergar como “muito negativa” a mudança na política de
precificação diária da Petrobras, “já que o envolvimento do governo na política reduz o
interesse de potenciais investidores nos ativos de refino da empresa, uma vez que que eles
poderiam perder a visibilidade da lucratividade desses ativos”.
Em nota a clientes, a equipe do UBS também ponderou que que a mudança na política de preços
poderia levar a alterações na gestão da empresa.
Estrategistas do Itaú BBA excluíram as ações PN de sua ‘Buy List’ para Brasil, de acordo com
relatório distribuído a clientes nesta segunda-feira.