Fonte: Municípios Baianos | Notícias
O País do pré-sal corre risco de um racionamento de combustíveis a partir de 2025 por falta de refinaria para processar o petróleo e de infraestrutura para importar. Segundo a consultoria Strategy&/PwC, o crescimento da demanda e o compromisso ambiental firmado na última Conferência Global do Clima vão exigir investimentos de R$ 87 bilhões a R$ 95 bilhões até 2030. Se nada for feito, em sete anos o abastecimento, especialmente de diesel, ficará comprometido.
O estudo foi encomendado pelo Sindicom, que representa as grandes distribuidoras. Ciente de que a Petrobrás não vai mais correr atrás da solução, como no passado, o sindicato começou a pressionar o governo com uma pauta de reivindicações que vai ganhar força a partir de 2018. O pesadelo das distribuidoras é que a economia finalmente cresça, mas falte infraestrutura para dar vazão ao potencial de consumo da população.
O presidente do Sindicom, Leonardo Gadotti, disse que o prazo e o tamanho da crise dependem do crescimento do consumo e dos preços. “Os problemas podem ser antecipados se o País crescer mais que o previsto. Mas o consumo pode ser reduzido por força de preço”.
Para o sócio da Inter.B Consultoria, Cláudio Frischtak, “um eventual racionamento poderia levar a enormes perdas de bem estar da população, como em qualquer racionamento, sob o agravante de que o combustível é essencial para o deslocamento”. Também poderia reduzir o crescimento da economia.
O estudo calcula um déficit de 19 bilhões de litros de combustíveis fósseis em 2030. Para cobrir a lacuna seria necessário ampliar a capacidade de produção em pelo menos 300 mil barris/dia. O gasto previsto é de R$ 33 bilhões. Para atender exigências da COP-21 o País precisará de R$ 7 bilhões para ampliar a produção de biodiesel e R$ 40 bilhões para elevar a oferta de etanol.
Se nada for feito, será preciso importar combustíveis, o que exigiria gastos em portos, tanques, ferrovias e dutos – de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões até 2030.
Eletrobras projeta investimentos totais de R$ 19,756 bi em plano de negócios
A Eletrobras divulgou, em fato relevante publicado na madrugada desta segunda-feira, 18, seu Plano Diretor de Negócios e Gestão para o quinquênio 2018-2022. No documento, a estatal projeta investimentos totais, incluindo em Sociedades de Propósito Específico (SPEs), da ordem de R$ 19,756 bilhões para o período. O montante engloba aportes em Geração, Transmissão, Distribuição, Infraestrutura e outros.
Desse total, R$ 14,239 bilhões são investimentos corporativos, em negócios da própria Eletrobras. Outros R$ 5,517 bilhões se destinam a SPEs na área de Geração e Transmissão.
Os investimentos totais previstos para o próximo ano são de quase R$ 6,208 bilhões. Geração, incluindo SPEs, ficará com a maior parte: R$ 2,809 bilhões. Na sequência, vem transmissão, com cerca de R$ 2,703 bilhões. Infraestrutura e outros receberão R$ 434,788 milhões, enquanto Distribuição fica com R$ 260,825 milhões.
Para 2019, os investimentos totais previstos são da ordem de R$ 3,782 bilhões. Esse valor diminui para R$ 3,168 bilhões em 2020 e recua um pouco mais em 2021, para R$ 3,103 bilhões. Depois, em 2022, volta a subir, para cerca de R$ 3,496 bilhões.
Divisão por área
Do montante total a ser investido pela Eletrobras de 2018 a 2022, a área de Geração ficará com a maior fatia, de R$ 9,983 bilhões.
Depois, aparece Transmissão, com R$ 7,980 bilhões. Na sequência, vem Infraestrutura e outros, com R$ 1,532 bilhão.
Por fim, surge Distribuição, com apenas os R$ 260,825 milhões previstos para 2018. Depois disso, a estatal não prevê mais aportes nessa área de negócio.
Leilão de energia A-4 contrata R$4,3 bi em novas usinas; solares dominam
O leilão de energia A-4 realizado pelo governo federal nesta segunda-feira fechou a contratação de 674,5 megawatts em novas usinas de geração, com predomínio dos empreendimentos solares, informou a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável pela operacionalização da concorrência.
O montante é baixo perto da média histórica nessas licitações, mas sinaliza uma menor demanda de curto prazo das distribuidoras de energia e uma visão realista do atual cenário econômico do país, disse à Reuters a diretora da consultoria Thymos Energia, Thais Prandini.
As usinas que venceram a disputa terão até janeiro de 2021 para iniciar a operação, e, segundo a consultora, deverá haver uma demanda maior em um segundo leilão agendado para quarta-feira, o chamado "A-6", que contratará empreendimentos para geração a partir de 2023.
"O governo priorizou a contratação de usinas solares. Sem dúvida no próximo leilão as eólicas vão ter maior espaço e o leilão vai ser maior. A contratação foi baixa, mas por causa da demanda das distribuidoras", afirmou.
As usinas solares fotovoltaicas responderam por 574 megawatts em potência (ou 790,6 megawatts-pico), quase 85 por cento do total contratado. Em seguidas vieram as usinas eólicas, com 64 megawatts, plantas à biomassa, com 25 megawatts, e pequenas hidrelétricas, com 11,5 megawatts.
O preço médio do leilão foi de 144,51 reais por megawatt-hora, e entre as empresas vencedoras aparecem a AES Tietê, da norte-americana AES, e a Enel Green Power, do grupo italiano Enel, que viabilizaram empreendimentos solares, além da francesa Voltalia, a única a vencer com usinas eólicas.
Os empreendimentos contratados deverão demandar investimentos de cerca de 4,3 bilhões de reais, segundo a CCEE, dos quais 3,85 bilhões em usinas solares e cerca de 357 milhões de reais em eólicas.
Em garantia física, as usinas viabilizadas somam 228,7 megawatts médios em eletricidade.
Energisa: Conselho aprova participação em leilões de geração de energia A-4 e A-6
A Energisa informou em comunicado ao mercado divulgado na manhã desta segunda-feira, 18, ter aprovado em reunião de conselho a participação da empresa em leilões de transmissão e de geração de energia A-4 e A-6, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para contratação de energia nova.
ECONOMIA: Lentidão afeta projetos
A grave crise fiscal e a enorme necessidade de modernização de infraestrutura tornam ainda mais urgente a discussão sobre o tema da regulação no Brasil. “Fortalecer o ambiente regulatório brasileiro não é mais uma opção, é imperativo. Com o Estado sem dinheiro para nada, é preciso atrair investimentos privados de qualidade, o que só é possível se contarmos com autoridades reguladoras respeitadas”, afirma o economista Cláudio Frischtak, sócio da consultoria Inter.B.
São esses órgãos, explica Frischtak, que zelam pela saúde do setor e garantem o cumprimento dos contratos.
Um estudo feito pela Inter.B, a pedido do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), comparou o estoque de capital de infraestrutura existente no País com o estoque ideal, ou seja, o conjunto de infraestrutura que deveria existir, de forma que os setores analisados apresentassem um nível de qualidade comparável ao de países desenvolvidos.
Os setores avaliados no estudo foram os de energia elétrica, transportes, telecomunicações e saneamento básico. O resultado é desalentador. O estoque atual corresponde a 36% do Produto Interno Bruto (PIB), pouco mais da metade do estoque-alvo, que deveria alcançar 60% do PIB.
Dobrar investimento
De acordo com Frischtak, para alcançar a infraestrutura desejada nas quatro áreas analisadas, o Brasil teria de investir o dobro do que investe hoje durante 20 anos consecutivos. O setor de transportes é o que apresenta um hiato maior entre o estoque existente e o estoque-alvo.
Os investimentos nessa área teriam de praticamente triplicar nas duas próximas décadas para que o estoque-alvo fosse atingido, segundo o estudo.
“O Brasil não tem a menor condição de avançar nas áreas de infraestrutura sem a participação massiva da iniciativa privada, ou seja, sem novas concessões e parcerias público-privadas”, afirma o economista Raul Velloso, especialista em contas públicas. “Não existe espaço no Orçamento da União para investir níveis minimamente decentes em infraestrutura. E isso não está acontecendo só agora, por causa atual da crise fiscal”, diz Velloso. Segundo o economista, a Constituição de 1988 carimbou quase todo o Orçamento para áreas que não são as de infraestrutura.
Com isso, a margem de manobra dos governos é mínima, e o dinheiro para esse tipo de investimento nunca será suficiente.
Um outro estudo, esse feito pelo Ipea em parceria com o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, revelou que, de janeiro a maio, o governo federal investiu o equivalente a 0,39% do PIB em infraestrutura. Caso o ritmo permaneça até o fim do ano, 2017 só perderá para 2003, o pior do período de 2001 a 2016, quando o investimento do governo central foi de 0,30% do PIB.
O pacote de privatizações anunciado recentemente pelo governo federal, que pretende vender 57 empresas estatais, aponta para uma mudança de rumo, o de aumento de investimento. Ao mesmo tempo, reforça a importância de fortalecer as agências reguladoras. São esses órgãos que ajudarão a modelar os contratos que o governo pretende fechar com as concessionárias.
Também serão os responsáveis por fiscalizar as empresas que ganharem as concessões. Não é demais lembrar que os serviços prestados por elas afetam o bolso, a segurança e a qualidade de vida de todo brasileiro.