Revisões de parâmetros para preços da Petrobras podem se tornar constantes, diz executivo

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Revisões de parâmetros na política de preços da Petrobras poderão se tornar mais constantes com o tempo, assim como a variação das cotações nas refinarias, com o amadurecimento de uma economia de mercado no setor de combustíveis do Brasil, disse o gerente-executivo de Marketing e Comercialização da empresa, Guilherme França.
O executivo, que está no comando da área que tem realizado atualizações quase que diárias de preços de gasolina e diesel vendidos às distribuidoras, deixou aberta a possibilidade de novas mudanças, como aconteceu na metodologia dos valores do diesel na semana passada.
Com isso, ao mesmo tempo em que a Petrobras busca melhorar seu desempenho, ela se torna menos previsível para concorrentes que têm ganhado espaço com o produto importado.
“O importador vai querer sempre uma condição mais barata para tentar colocar um produto mais competitivo e nós vamos ter que tomar nossas ações para manter nosso produto mais competitivo”, afirmou França, em entrevista à Reuters.
O setor de tornou fortemente importador em um mercado de distribuição dominado por empresas como Raízen, dos grupos Cosan e Shell, a Ipiranga, da Ultrapar, e a própria BR distribuidora, da Petrobras, líder no segmento que tem liberdade para comprar de outras companhias, se for mais lucrativo.
O mercado ganhou ainda a adesão de novos importadores, de todos os portes, reduzindo as vendas da Petrobras e o uso do produto refinado pela estatal.
A afirmação de França vem após a empresa ter anunciado, na semana passada, pela segunda vez em menos de seis meses, uma revisão da política de preços do diesel como resposta a um movimento ascendente de importações do combustível fóssil por concorrentes.
A nova revisão do diesel, segundo França, foi necessária para incorporar ao cálculo do preço de paridade internacional (PPI) –importante indicador para a formação de preços– reduções de custos logísticos obtidas por concorrentes para trazer produto importado, em uma tentativa de reverter a perda de participação da Petrobras para o produto importado.
“O mercado agora é dinâmico e a vida é assim, como o preço diário deixou de ser notícia, daqui a pouco essas alterações de fluxo logístico buscando manter a nossa competitividade vão ser constantes, parte do mercado”, afirmou França.
A empresa não revela, por questões estratégicas, como calcula o PPI.
Mas desde outubro de 2016 vem reforçando que seus preços internos de diesel e gasolina estarão em linha com os internacionais, diferentemente do que acontecia em anos passados, quando o governo utilizava a empresa para controlar a inflação.
A expectativa, segundo o executivo, é que até o fim de janeiro ou fevereiro a Petrobras recupere parte da participação de mercado perdida no diesel, com a elevação da produção do combustível fóssil nacional.
No entanto, a empresa continua em alerta.
“Pode ser que daqui a pouco ou por alguma vantagem tributária, ou alguma vantagem de modal logístico, (a concorrência) descubra outras alternativas que nós agora, no momento, não estamos vendo”, disse França.
No caso da gasolina, a empresa entendeu que não era necessária uma mudança agora, já que considera que as importações do combustível estão estáveis, apesar de altas.
Entretanto, não descarta revisões em algum momento no futuro.
“Os atores estão sempre de butuca ligada, aproveitando oportunidades, então a gente está monitorando diariamente e vamos ver, se precisar fazer alguma coisa (com a gasolina), a gente faz”, completou.
ABERTURA DO MERCADO
A companhia, que tem quase 100 por cento da capacidade de refino do Brasil, abriu espaço para a concorrência desde que adotou uma política de preços que segue a lógica do mercado, em outubro de 2016, em busca de rentabilidade.
Mas não foi só isso.
França disse que com o tempo, os concorrentes “foram ganhando musculatura, aprendendo, descobrindo fluxos logísticos que permitiram a redução de custos, então a importação começou a crescer” ainda mais.
“A gente está aprendendo no dia a dia com essa nova dinâmica, todos procurando buscar alternativas para maximizar o resultado de si próprio… talvez com o amadurecimento do mercado, daqui a mais um ano, mais dois anos, a gente tenha um equilíbrio, o ponto ótimo para cada um atuar.”
Em junho, a Petrobras já havia revisado sua política de preços de gasolina e diesel, aumentando a frequência de revisão de preços de mensal para diária, em busca de maior flexibilidade para recuperar mercado.
Assim, a decisão sobre os preços deixou de ser uma atribuição apenas da diretoria e foi delegada para a área de marketing e comercialização, que pode mexer nos valores de gasolina e diesel a qualquer momento, desde que os ajustes acumulados por produto estejam, na média Brasil, dentro de uma faixa determinada.
No entanto, a medida não foi suficiente.
As importações de óleo diesel do Brasil cresceram 61 por cento neste ano até outubro, segundo os dados mais recentes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Só em outubro, as compras externas do produto mais que dobraram, para 8,463 milhões de barris, apesar de uma recuperação econômica do Brasil ainda lenta.
Como resultado, as vendas do diesel (combustível mais vendido no país) pela Petrobras caíram 10 por cento no terceiro trimestre, para 672 mil barris ao dia, reduzindo sua participação de mercado para 72 por cento. (Reuters)

 

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