Por que retorno da Vibra para os braços da Petrobras nunca esteve tão perto?

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 Money Times

Privatizada em 2019, a venda da BR Distribuidora, antigo braço de distribuição da Petrobras (PETR3;PETR4), foi um dos principais feitos do Governo Bolsonaro na área de desinvestimentos em estatais, uma das suas promessas de campanha. Porém, o retorno da empresa, hoje chamada de Vibra Energia (VBBR3), para a estatal ganhou força com a eleição do presidente Lula.

De acordo com a coluna Broadcast, a Petrobras pretende voltar a distribuir combustíveis e já, inclusive, entrou na Justiça para retomar a marca BR. Para o Bradesco BBI em relatório enviado a clientes, a possibilidade da compra da Vibra pela estatal ficará mais forte ao longo de 2023.

A marca BR, com logo verde e amarelo, acompanhado do nome Petrobras, está arrendada à Vibra até 2031. Atualmente, o logo estampa mais de 8,2 mil postos em todo o país, sendo a marca líder do setor.

“Embora as conversas sobre a possível recompra da Vibra pela petroleira tenham desaparecido dos meios de comunicação este ano, nossas fontes de mercado sugerem que alguns gerentes da estatal ainda acreditam que é o melhor caminho a seguir”, dizem os analistas Vicente Falanga e Ricardo França.

Eles dizem que mesmo que a Petrobras negociasse os termos com a Vibra para recuperar a marca e, digamos, daqui a dois anos comprar outra empresa (como a Alesat), isso levaria algum tempo, com a aquisição resultando em ativos menos usuais e menor penetração da marca.

“Portanto, se a estatal pensa em recuperar o que “perdeu”, a tese de recompra da Vibra deve permanecer viva”, observam.

Para sustentar a visão, Falanga e França citam quatro pontos:

  • o preço médio ponderado de privatização foi de R$ 22 e a atual cláusula da poison pill (uma estratégia de defesa jurídica adotada por empresas com o intuito de desencorajar ou impedir uma potencial aquisição hostil por parte de outra empresa) da Vibra exigiria uma avaliação de R$ 22 por ação a partir de setembro de 2023, equiparando-se ao preço da privatização (o que poderia reduzir drasticamente o escrutínio do Tribunal de Contas da União);
  • Bradesco estima que a Petrobras deve terminar o ano com uma posição de caixa próxima a US$ 20 bilhões (assumindo um preço do petróleo de US$ 80/barril e pagamento de dividendos de 60% do fluxo de caixa operacional subtraído dos investimentos), o que abriria espaço para aquisições;
  • a Vibra COMERC, empresa com forte exposição a energia renovável, é um ativo que vem ganhando importância dentro da Petrobras;
  • o atual Governo não parece apoiar muito a Petrobras pagando todo o excesso de caixa em dividendos, o que, mais uma vez, poderia aumentar a probabilidade de aquisições ao longo do tempo.

Vibra: Ações decepcionam em 2023

Os analistas lembram que a ação da Vibra não empolgaram em 2023, com uma queda 6,26%. Porém, eles ressaltam que isso não se deve somente ao risco do governo. A dupla cita:

  • a empresa ter comprado a COMERC;
  • o negócio ter se tornado mais volátil em termos de preço e fornecimento;
  • ao capital de giro ter “explodido” com a guerra na Ucrânia;
  • a alavancagem ter aumentado;
  • os dividendos terem caído drasticamente;

“Agora acreditamos que, embora a perspectiva econômica não seja ideal para o setor, a empresa iniciou uma tendência oposta, com geração de caixa crescendo, desalavancando financeiramente e, com sorte, dividendos maiores. Isso deve ajudar o preço das ações a seguir uma trajetória de melhora”, dizem.

O Bradesco possui recomendação de compra para a companhia e neutra para a Petrobras.

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