Fonte: Valor Online
Aos poucos, o abastecimento de combustível começou a ser normalizado em algumas cidades do país como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e capitais nordestinas. Em vários Estados, houve escolta de caminhões-tanque já que grupos seguiram pressionando para que caminhões parassem nas estradas, contra a vontade de motoristas. Mas a volta ao normal deve demorar. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estima um prazo de cinco a sete dias para que o abastecimento de combustíveis seja normalizado no país, disse o diretor-geral do órgão regulador, Décio Oddone.
Na Grande São Paulo, que chegou a ter praticamente todos os postos sem gasolina, etanol e diesel, o abastecimento foi retomado ontem. José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro, afirmou a normalização do sistema deve levar tempo. Segundo ele, cerca 80% do abastecimento é feito por caminhoneiros autônomos, que ainda estão parados nas rodovias. No total, 300 dos 2 mil postos de gasolina da capital foram reabastecidos, segundo a entidade. A expectativa é de que mais postos tenham combustível nesta quarta-feira.
Ontem, o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), firmou acordo com um grupo de 13 caminhoneiros identificados como lideranças dos protestos da categoria. A promessa é de que a manifestações cheguem ao fim no Estado. Segundo França os caminhões que transportam combustível voltaram à estrada e o abastecimento deve voltar ao normal nos próximos dias.
"Já estamos com as refinarias abertas", disse. São cinco as refinarias em atividade. "Vamos com isso garantir a retomada dos postos de gasolina do Estado de São Paulo pelo menos". Já quanto ao abastecimento no setor de alimentos, o governador estimou que deve demorar um pouco mais e não deu previsão para a volta à normalidade. Houve queda de 80% no abastecimento de produtos perecíveis em supermercados, segundo a Apas, que reúne o setor no Estado.
Caminhoneiros reunidos na Régis Bittencourt receberam com ceticismo a notícia sobre o acordo. Os manifestantes dizem que não vão encerrar a paralisação até que o governo federal publique no Diário Oficial congelamento de seis meses do preço do diesel a R$ 2,98 em São Paulo, que seria o preço praticado há dois meses, segundo os caminhoneiros.
No Rio de Janeiro, o Sindicomb informou que 15% dos 850 postos foram abastecidos na cidade. Segundo a entidade, a expectativa é que em quatro ou cinco dias o fornecimento esteja normalizado.
Em Minas Gerais, havia pouca informação sobre a situação dos 4.300 postos de combustíveis do Estado. Desde segunda-feira (28), a Polícia Militar realiza operações de escolta na região metropolitana de Belo Horizonte para abastecer postos, mas não havia uma estatística sobre a quantidade de postos abastecidos. Em Salvador, cerca de 80% dos 150 postos da cidade estavam abastecidos, segundo Sindicombustíveis. "O abastecimento evoluiu muito. Estamos quase voltando a normalidade", afirmou Walter Tannus, presidente do sindicato. Em outras capitais nordestinas, como Recife, Maceió e João Pessoa a situação estava se normalizando ao longo do dia.
Em Curitiba (PR), pelo menos 129 postos, de um total de 340, foram abastecidos ontem. Diversas localidades do Estado têm recebido combustíveis. Já na capital de Santa Catarina, Florianópolis, em véspera de feriado, não havia previsão para o reabastecimento dos postos. Mesmo após decisão judicial que determinou o desbloqueio da Transpetro, empresa subsidiária da Petrobras, no município de Biguaçu, os postos seguiam secos.
Quanto aos aeroportos, caiu para sete o número de terminais sem querosene de aviação, segundo a Infraero. No ápice, o número chegou a 13. Ontem, faltava combustível em São José dos Campos (SP), Uberlândia (MG), Campina Grande (PB), Juazeiro do Norte (CE), Palmas (TO), Imperatriz (MA) e Londrina (PR).
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