Venda de refinarias reduz interferência na gasolina

Medida marca nova abertura do setor
20/04/2018
Venda de 60% de refinarias pode ser concluída ano que vem, diz Parente
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Fonte: Folha de São Paulo

A venda de participações em refinarias reduz a possibilidade de novos controles de preços dos combustíveis no futuro, defendeu nesta quinta (19) o presidente da Petrobras, Pedro Parente. A empresa apresentou ao mercado o modelo de parcerias no setor, que prevê a privatização de quatro refinarias.
Ao lado da promessa de atração de investimentos, a questão dos preços é uma das estratégias usadas pela estatal para tentar quebrar resistências contra a venda dos ativos, que já começa a gerar mobilização entre sindicatos de trabalhadores da empresa. “Para nós, é muito importante que podemos ganhar no curto prazo porque teremos maior segurança da prática de preços competitivos no país”, afirmou Parente, em evento para apresentar o modelo de venda.
A ideia da Petrobras é vender o controle de dois blocos regionais, no Nordeste e no Sul, cada um com duas refinarias, terminais e dutos de movimentação de petróleo e derivados. Parente disse que espera abrir processo competitivo em duas a três semanas e concluir o processo de venda até o fim do ano.
A operação mexerá com milhares de trabalhadores, que poderão ser transferidos para as novas empresas que serão criadas a partir da unificação dos ativos regionais ou para outras áreas da própria Petrobras. Mas a direção da estatal já sabe que não terá como remanejar todos. Na Transpetro, subsidiária que opera os dutos e terminais, a proposta foi recebida com apreensão. No evento desta quinta, convocado às pressas e sem participação de trabalhadores, a estatal recebeu apoio de todos os seus convidados: o Ministério de Minas e Energia, da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) e representantes das petroleiras, de distribuidoras de combustíveis e do setor de etanol.
“O reposicionamento da Petrobras pode gerar novos investimentos no setor de refino”, disse o diretor-geral da ANP, Décio Oddone, ressaltando que o país precisa ampliar sua capacidade de produção de transporte de combustíveis para acompanhar projeções de crescimento da demanda. A presidente da Unica (União da Indústria de Cana de Açúcar), Elizabeth Farina disse que a preocupação da estatal com a liberdade de preços "aplaca preocupações com investimentos em biocombustíveis".
"A proposta destrava investimentos em refino e cria vacina contra possibilidade de intervenção nos preços do petróleo", reforçou o consultor Plinio Nastari, da Datagro, consultoria que acompanha o mercado.
Recorde
Desde o fim da semana passada, os preços da gasolina e do diesel nas refinarias vêm batendo recordes, em resposta às cotações internacionais do petróleo diante de incertezas sobre a Síria.

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