Fonte: O Estado de São Paulo
Com a baixa da cotação do açúcar no mercado internacional, os produtores de cana foram levados a dar mais ênfase à produção de etanol, de modo a recompor o seu fluxo de caixa. O resultado é que, nas últimas três semanas, os preços do álcool hidratado, com o aumento da oferta, tiveram uma queda de 21% nas usinas do Estado de São Paulo, segundo a consultoria Datagro.
Normalmente, a expectativa seria de que essa redução fosse transferida para o consumidor, estimulando o uso do biocombustível pelos veículos abastecidos somente por etanol e pelos flex, o que deveria compensar, em certa proporção, a alta dos preços da gasolina, que vêm sendo reajustados de acordo com as cotações do petróleo no mercado global.
Isso, porém, não vem ocorrendo na proporção esperada. Dados da pesquisa semanal da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), citados pela Datagro, indicam que o preço do etanol hidratado caiu apenas 0,9% nos postos paulistas, o que tem gerado uma certa frustração dos usineiros.
Os distribuidores de combustíveis argumentam que a redução do preço para o consumidor ainda não ocorreu de forma mais significativa porque parte do varejo ainda detém estoques adquiridos a preços mais elevados, procurando, como é natural, manter sua margem de rentabilidade. Contudo, as condições de mercado fazem crer que, nos próximos dias ou semanas, a queda para o consumidor se fará sentir de forma significativa, mesmo porque a concorrência entre as redes de distribuição de combustíveis tende a ser mais acirrada.
Seja como for, a paridade atual entre os preços do etanol hidratado e a gasolina C, seu concorrente direto, está hoje em 71,1%, ligeiramente acima do ponto considerado ideal de 70%, dada a diferença de desempenho dos dois combustíveis. Essa relação é constatada no Estado São Paulo, o principal produtor de açúcar e álcool do País; a situação é variável nos demais Estados.
Vê-se, portanto, que o abastecimento com etanol hidratado se tornou vantajoso para o consumidor. Vale notar que, com a alta recente das cotações de petróleo e as incertezas quanto à sua evolução em futuro próximo, a economia do País só tem a ganhar com a maior demanda de etanol, que, além de moderar os preços dos combustíveis, é poderoso instrumento para a capitalização no campo.