Petrobras teria perdido R$9,4 bi com política para combustíveis, estima Refina Brasil

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UDOP

A Petrobras teria perdido 9,4 bilhões de reais de receita bruta entre maio do ano passado e março deste ano, após ter abandonado em 2023 a política de preço de paridade de importação (PPI) de combustíveis, segundo estudo da associação de refinarias privadas Refina Brasil, publicado nesta quarta-feira.

A associação — formada pela Acelen, dona da Refinaria de Mataripe na Bahia, e outras companhias, como a Ream e a 3R — avalia que as suas empresas vêm sendo prejudicadas pela falta de previsibilidade dos reajustes da Petrobras, além do que considera um represamento de preços pela estatal.

A entidade, que reúne refinarias que respondem por cerca de 20% da produção de derivados do país, confirmou informações publicadas mais cedo pelo jornal Valor Econômico.

O estudo considerou os volumes de diesel e gasolina produzidos pelas refinarias da estatal no período analisado.

Procurada, a Petrobras não comentou o assunto imediatamente.

Analistas privados têm apontado que a defasagem de preços da Petrobras em relação ao mercado internacional está aumentando, à medida que o mercado de petróleo subiu para uma máxima de cinco meses, e a estatal não faz repasses.

O Brent fechou com leve alta de 0,5% nesta quarta-feira.

DEFASAGEM

No início do dia, a defasagem da Petrobras em relação ao chamado PPI estava em 37 centavos de real o litro para o diesel e também para a gasolina, segundo a metodologia da consultoria StoneX.

“Para o diesel, embora a companhia possa estar utilizando como referencial o produto de origem russa, que tem maior competitividade e compõe 66% do diesel sendo importado pelo Brasil em 2024, avalio que os preços da Petrobras estão ainda abaixo dos preços desta referência em cerca de 13 centavos/litro”, disse o analista Thiago Vetter, da StoneX.

Segundo ele, essas não são as maiores defasagens considerando o período desde a publicação da nova estratégia comercial da Petrobras para diesel e gasolina, em maio do ano passado, que foram de 1,17 real/litro para o diesel e 60 centavos/litro para a gasolina — ambas vistas em agosto do ano passado.

“De relevante, está o fato de que esta defasagem está positiva (Petrobras abaixo do preço internacional) desde 19 de janeiro para o diesel e 7 de fevereiro para a gasolina — ou seja, um período relativamente longo”, afirmou ele.

Entre as altas realizadas desde o lançamento da nova estratégia comercial de diesel e gasolina da estatal, “nota-se que tanto para a gasolina quanto para o diesel os reajustes ocorreram quando a defasagem estava positiva por pelo menos 28 dias úteis e no máximo 45”.

“Considerando que a gasolina está com defasagem positiva há 39 dias úteis (desde 08/02) e o diesel há 53 dias úteis (desde 19/01), considerando nossas métricas seria esperado pelo comportamento passado da companhia que pudesse haver um reajuste de preços para ambas ainda no mês de abril.”

Questionada sobre a política de preços, a Petrobras não respondeu imediatamente.

PERDA DE PARTICIPAÇÃO

O especialista em combustíveis da Argus, Amance Boutin, destacou que a Petrobras ainda perdeu participação no mercado de gasolina entre os fornecedores nacionais em fevereiro, ao citar dados da reguladora ANP.

Ele disse que há tempos a companhia não ficava com menos de 70% nas vendas, e que a gasolina da Petrobras enfrentou maior competição do etanol hidratado e de importadores, que tinham no início do ano arbitragem mais favorável para importar o combustível, o que não acontece neste momento, após a alta de preços internacionais.

“Em janeiro a gente estava com arbitragem mais favorável, o produto vendido em fevereiro, ele foi comprado muitas vezes em janeiro, eles realmente conseguiram pagar um preço mais baixo, naquele momento a arbitragem estava favorável, hoje ela não é mais.”

Em relação ao mercado internacional, Boutin estimou a defasagem da gasolina da Petrobras em 15%, e notou que, com uma recente alta do preço do etanol hidratado, a Petrobras agora teria espaço para aumentar o preço sem prejudicar suas vendas, considerando o combustível concorrente.

Antes, entre os motivos para não aumentar a gasolina, estavam o preço mais baixo do etanol e a concorrência com importadores de gasolina, reiterou o especialista.

Por Roberto Samora

Fonte: Reuters

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