A oferta global de petróleo segue como uma preocupação, em meio à redução de produção liderada por Opep e Rússia e a uma queda na produtividade de campos maduros, ao mesmo tempo em que a demanda permanece forte, disse o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), Fatih Birol, nesta quarta-feira.
Ele disse que esse cenário se desenha apesar de previsões de uma produção crescente em países não associados à Opep, liderada pelos Estados Unidos, que deve conseguir atender dois terços do crescimento global da demanda nos próximos cinco anos.
“O crescimento nos EUA sozinho não é o suficiente para me deixar confortável de que haverá produção futura suficiente, por causa de duas razões”, disse Birol, nos bastidores do Fórum Internacional de Energia, em Nova Délhi.
Primeiro, ele citou o ainda forte crescimento do consumo global de petróleo, que subiu 1,5 milhão de barris por dia (bpd) neste ano, guiado por demanda nos setores petroquímico, industrial e de aviação.
Segundo, o declínio dos campos de petróleo mais antigos e maduros.
“Todo ano nós estamos perdendo (o equivalente a) um Mar do Norte em produção, o que significa 3 milhões de barris por dia”, afirmou.
Os investimentos em exploração de petróleo e gás seguem baixos, ressaltou Birol, mesmo com uma recuperação dos preços globais do petróleo para os níveis de 2014.
“Nossa expectativa de investimento em 2018 é apenas 40 por cento do que nós vimos em 2014, antes do colapso nos preços”, disse ele.
Outra grande preocupação é a Venezuela, onde a produção é hoje metade do nível visto quando o ex-presidente Hugo Chávez chegou ao poder em 1999, acrescentou. A queda na produção do país é uma das maiores “na história do petróleo”, segundo ele, que espera que a oferta do país caia ainda mais.