Valor Econômico
O fundo de descarbonização criado pela Petrobras – e que envolve um valor de US$ 248 milhões para o período 2022-2026 – destinará recursos para iniciativas que permitam à empresa abater emissões de carbono não só dentro das operações da petroleira, mas também poderá beneficiar projetos de reflorestamento, caso eles se mostrem mais eficazes. A ideia da estatal é testar a governança do fundo nos próximos anos e, se bem-sucedida, aumentar a verba disponível.
A gestão do fundo ficará a cargo da gerência-executiva de mudança climática, que por sua vez fica debaixo do guarda-chuva da diretoria de relacionamento institucional e sustentabilidade da Petrobras. O gerente-executivo de estratégia da Petrobras, Rafael Chaves, afirmou ao Valor que a aplicação dos recursos se baseará na curva de custo marginal de abatimento – modelagem que permite ordenar projetos em termos de custos e potenciais cortes de emissões.
O custo marginal de abatimento indica o custo associado à redução (abatimento) de uma tonelada adicional (na margem) de CO2 pela empresa e auxilia a companhia, ao ranquear todas as opções disponíveis, tomar decisões informadas sobre como implementar sua estratégia de mitigação.
Em paralelo à constituição do fundo, a Petrobras prevê investir US$ 1,8 bilhão, entre 2022 e 2026, na descarbonização de suas atividades. Cada área operacional da companhia buscará se alinhar às metas de corte de emissões, sobretudo nas plataformas de petróleo e nas refinarias. Chaves explica que a gestão do fundo corporativo, por sua vez, terá um olhar mais amplo sobre o portfólio de iniciativas de baixo carbono da empresa.
“Vamos trazer o dinheiro para ser pilotado sob o ponto de vista corporativo. Mediremos o custo benefício de cada dólar investido para redução das emissões… O fundo é uma semente para testar a governança. Com o tempo esse fundo só vai crescer. Temos a expectativa de, no futuro, irmos aumentando essa verba”, afirmou Chaves, que assume a diretoria de relacionamento institucional e de sustentabilidade nesta semana, no lugar de Roberto Ardenghy.
Ontem, ao participar de evento promovido pela Firjan sobre o plano de negócios da Petrobras, Ardenghy disse que o fundo terá como mérito a disseminação da descarbonização na companhia, sob o ponto de vista corporativo. “Vamos selecionar projetos em que tenhamos maior eficiência de carbono… Essa iniciativa faz com que a companhia possa disseminar, dentro da Petrobras, diversas iniciativas nas diferentes áreas operacionais [a descarbonização].”
Ao falar sobre a estratégia da petroleira para o longo prazo, Chaves afirmou que a Petrobras vai acelerar a produção do pré-sal. A empresa, segundo ele, se prepara para ser a produtora com o barril com menor pegada de carbono no médio prazo. O executivo disse que a Petrobras fará uma “transição energética responsável”.