Valor Econômico
A produção nacional de petróleo deve saltar 53,8% entre 2022 e 2031, de 3,36 milhões de barris/dia para 5,17 milhões de barris/dia, de acordo com estimativas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Os dados constam do Caderno de Estudos do Plano Decenal de Expansão de Energia 2031, uma prévia do planejamento decenal da estatal.
A previsão é que cerca de 2/3 da produção nacional seja exportada em 2031. A EPE estima que os volumes de exportação praticamente dobrem, para 3,41 milhões de barris/dia em 2031.
“Esse volume expressivo poderá alçar o Brasil como um dos cinco maiores exportadores do mundo, o que elevaria a sua importância no quadro geopolítico da indústria mundial do petróleo”, cita o documento.
Do lado da demanda por derivados, a EPE projeta um crescimento de 2,3% ao ano para o diesel e uma queda de 0,2% ao ano para a gasolina — que perderá espaço, no mercado, para o etanol hidratado.
A EPE projeta um aumento de 10,2% no volume de petróleo processado nas refinarias brasileiras, de 1,75 milhão barris/dia na média dos últimos cinco anos para 1,93 milhão barris/dia em 2031. Esse incremento levará o fator de utilização das refinarias de um patamar de 75% para 82% em dez anos.
A estatal considera, no horizonte decenal, a ampliação da capacidade da Refinaria de Manguinhos (Refit), no Rio de Janeiro, de 10 mil barris/dia para 14,3 mil barris/dia; e da Dax Oil, em Camaçari (BA), de 2,5 mil barris/dia para 4 mil barris/dia; além da construção de duas pequenas plantas: a Brasil Refinarias, em Simões Filho (BA), de 736 barris/dia e a SSOil Energy, em Coroados (SP), com capacidade de 12,5 mil barris/dia. Também estão previstas as modernizações da Reduc, em Duque de Caxias (RJ); a nova unidade de hidrotratamento de diesel, com 10.000 m³/dia de capacidade, e a modernização da Replan, em Paulínia (SP); além modernização da Revap, em São José dos Campos (SP). O investimento recém anunciado pela Petrobras, para conclusão da Rnest (PE) não está citado no documento.
Com o crescimento da demanda doméstica, as importações líquidas de derivados alcançarão 80 mil m³/dia em 2031, ligeiramente acima do volume registrado em 2017 (79 mil m³/dia). Pelas projeções, o Brasil ampliará ainda mais a sua condição de importador líquido de óleo diesel, com volume duas vezes superior à máxima histórica ao fim do período decenal.
“A projeção de importação de consideráveis volumes de derivados poderá exigir investimentos na ampliação da capacidade de refino e/ou na expansão e melhoria da eficiência operacional da infraestrutura logística. Nesse contexto, formas de estímulo a novos investimentos na expansão do parque de refino, buscando a segurança do abastecimento nacional, devem ser analisadas”, cita a EPE.
Por outro lado, com o crescimento expressivo da produção oriunda das unidades de processamento de gás natural (UPGNs), o Brasil poderá se tornar exportador líquido de gás liquefeito de petróleo (GLP) ao final da década de 2020. A EPE também estima que, com a maior penetração do etanol hidratado na demanda de combustíveis do ciclo Otto, o Brasil poderá se tornar exportador líquido de gasolina.