Em consórcio, grupo tenta de novo comprar Liquigás

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Fonte: Valor Online

O grupo Ultra está novamente tentando comprar a Liquigás, distribuidora de gás liquefeito de petróleo (GLP) da Petrobras, mas em outro formato. O presidente da holding Ultrapar, Frederico Curado, disse, em entrevista ao Valor na quinta-feira, que o grupo faz parte de um consórcio que apresentou oferta não vinculante pelo ativo no início da semana passada. "O Ultra está em um consórcio e é minoritário por força do edital", disse o executivo, sem fornecer mais informações sobre esse processo.

Pelo novo edital, que restringiu a participação de empresas que já atuam no segmento, competidores com fatia superior a 10% no mercado nacional não poderiam apresentar uma proposta por mais de 30% dos ativos da Liquigás. Além do Ultra, fundos de private equity, Itaúsa e outras distribuidoras de GLP se organizavam para participar da disputa, conforme informou o Valor no fim de maio.
Foi justamente por causa do elevado risco concorrencial no mercado brasileiro de gás de cozinha que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vetou, em fevereiro do ano passado, a compra da distribuidora de GLP da Petrobras pela Ultragaz, segundo maior negócio do grupo Ultra em receita.

A operação, que chegaria a R$ 2,8 bilhões, acabou rendendo uma multa de R$ 286 milhões, paga à estatal. Meses antes, a Superintendência-Geral do Cade já havia alertado em parecer que a transação proposta eliminaria um forte concorrente de um mercado em que quatro empresas respondem por mais de 85% da oferta. A Ultragaz é a líder nesse segmento, com volume total (entre envasado e granel) de 1,73 milhão de toneladas em 2018.

Além da Liquigás, disse Curado, o grupo vai avaliar a participação no processo de desinvestimentos de refinarias da Petrobras. A decisão de levar adiante uma oferta vai depender das regras para venda dos ativos. "É importante entender como o Cade vai enxergar a verticalização", explicou o executivo. O Ultra é dono da Ipiranga, uma das maiores redes de distribuição de combustíveis do país, e não tem claro qual seria o posicionamento do órgão regulador caso se tornasse sócio de uma refinaria.

Em termo de compromisso de cessação (TCC) firmado entre Petrobras e Cade na semana passada, ficou estabelecido que a estatal venderá oito das 14 refinarias que possui até 2021 e cinco delas não poderão ser adquiridas por um mesmo comprador ou empresas do mesmo grupo econômico.

No mercado internacional, o modelo de integração de refinaria e distribuição (o chamado "downstream") é comum - na Argentina, por exemplo, a Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, é dona de uma refinaria e de uma rede de postos de combustíveis, assim como grandes petroleiras fazem em outros mercados. "Como negócio, faria sentido. Dependendo das regras, poderá interessar", reiterou Curado.

O risco de eventual ingerência política também afeta os planos. "Uma interferência do governo, como no caso da Petrobras, não ajuda nada", afirmou Curado, referindo-se ao episódio do início do ano, em que, depois de anunciar um reajuste de quase 6% para o diesel, a petroleira voltou atrás e suspendeu a alta. A estatal foi pressionada pelo governo federal a não aplicar o reajuste.

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