UDOP
As importações de veículos tiveram um aumento de 46,4% em valor em relação ao mesmo período do ano passado, puxadas pelos modelos elétricos e híbridos chineses, informou a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/MDIC) nesta quarta (4/4).
Os resultados preliminares da balança comercial do mês de março mostram que, nos três primeiros meses, o país importou US$ 1,4 bilhão em carros, ante US$ 999 milhões em 2023.
“Foram aproximadamente US$ 570 milhões com origem da China neste trimestre, puxando a alta. Foi um aumento de 450% em valor, variação comparada com o mesmo período do ano passado”, explicou o coordenador-geral de Estatísticas do MDIC, Saulo Castro, durante coletiva.
Enquanto as compras da Argentina caíram 41%, os carros chineses ganharam mais espaço no mercado brasileiro.
Ainda de acordo com Saulo, nas importações da China, as duas principais linhas tarifárias adquiridas são veículos elétricos a bateria e os modelos híbridos, que combinam bateria e combustão.
O aumento na entrada de eletrificados no país ocorre na esteira da retomada do imposto de importação no início deste ano, uma estratégia do governo Lula (PT) para aumentar a arrecadação e financiar os programas de incentivo à produção nacional.
Incentivo à produção nacional. Segundo o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, Herlon Brandão, esse aumento na entrada de veículos estrangeiros era esperada.
“O carro elétrico foi reonerado em 10% em janeiro e a tarifa vai aumentar para 18% em julho. Então é natural que os importadores tenham esse movimento de antecipar a importação”.
Herlon observa ainda que o calendário de aumento da tarifa foi planejado para dar tempo do setor se organizar.
“Ainda é um mercado incipiente no Brasil, está se criando. Ter mais consumidores de carros elétricos é bom para a produção nacional, vamos ter um mercado mais dinâmico. Mas é natural ter essa concentração [observada no primeiro trimestre] tendo em vista o aumento escalonado da tarifa de importação”, completa.
No longo prazo, a expectativa é que esse cenário se arrefeça, com a indústria automotiva planejando investimentos na fabricação dessas tecnologias de veículos no Brasil.
Até agora, montadoras já anunciaram cerca de R$ 100 bilhões em investimentos no país, com foco em elétricos e híbridos. Só as marcas chinesas BYD, Caoa Chery e GWM respondem por R$ 20 bilhões desse total.
O maior investimento, no entanto, é da italiana Stellantis, que planeja R$ 30 bilhões entre 2025 e 2030, para lançar 40 novos produtos, entre eles, os Bio-Hybrids, que combinam eletrificação com motores flex movidos a biocombustíveis (etanol) em três diferentes níveis.
Primeiro azul, depois verde. Esta deve ser a estratégia para o hidrogênio da maior porta de entrada de combustíveis da Europa. Em entrevista à agência epbr, o especialista em hidrogênio e responsável por novos negócios do Porto de Roterdã, Randolf Weterings, avalia que diferentes rotas de produção de serão necessárias para descarbonizar as operações.
Para o executivo, tanto o hidrogênio obtido da eletrólise com energia renovável (verde), quanto o de gás fóssil com captura de carbono (azul) vão desempenhar um papel importante na transição.
“Caso contrário, não poderemos atingir as metas de emissões zero”, afirma Weterings.
O especialista enfatiza a necessidade de uma abordagem pragmática, em que a utilização do hidrogênio azul permite avançar mais rapidamente, tendo o verde como o favorito a longo prazo.
“Se nos concentrarmos realmente no longo prazo, em 2050, o hidrogênio verde é o preferível”, completa.
por Nayara Machado
Fonte: Agência epbr