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Fonte: Correio Braziliense

As vendas de carros movidos a eletricidade no Brasil superaram em 2017 a marca de três mil unidades, o triplo do número alcançado em 2016. Ainda é um desempenho tímido se comparado ao de países como China, que tem a liderança no mercado mundial, com cerca de 450 mil veículos, e Estados Unidos, com mais de 100 mil carros emplacados. Segundo dados do Denatran, circulam nas ruas brasileiras pouco mais de sete mil carros elétricos e híbridos. Automóveis totalmente eletrificados ainda são raros e enfrentam dificuldades para recarregar as baterias. Calcula-se que os pontos de recarga não passem de 50 em todo o país.
Essa realidade, porém, está prestes a mudar com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) prometida pelo governo. Nos próximos dias, o Ministério da Indústria e Comércio (Mdic) deverá anunciar a diminuição do imposto de 25% para 7%. O benefício incentiva a entrada de novos modelos eletrificados no mercado brasileiro.
A medida, é bom que se diga, vem sendo protelada desde o ano passado, juntamente com o Rota 2030, o novo regime do setor automotivo. O Rota vem para substituir o Inovar-Auto e traz uma série de exigências para melhoria de segurança e eficiência energética dos carros que serão produzidos no Brasil.
Com a diminuição, o IPI dos elétricos será equivalente ao dos carros populares com motores flex 1.0. “A tributação do veículo elétrico hoje é a maior alíquota de IPI existente, paga 25%. Não tem nenhum sentido, ela tem que cair. Isso deve acontecer nas próximas semanas”, diz Antonio Megale, presidente da Anfavea, associação que reúne as montadoras no país.
Mesmo diante da indefinição da questão tributária, a General Motors já anunciou a chegada do Chevrolet Bolt EV, totalmente movido a eletricidade e com preço nos Estados Unidos de US$ 37,5 mil. O Bolt já foi testado no Brasil e deve desembarcar no mercado ainda este ano. Com autonomia superior a 300 quilômetros, o modelo está sendo oferecido às startups que estão investindo no mercado de compartilhamento de veículos, uma tendência mundial que, tudo indica, veio para ficar.
Outra empresa que está acelerando seus projetos de elétricos é a Volkswagen. No Salão do Automóvel de São Paulo, previsto para outubro deste ano, a gigante alemã fará o lançamento oficial do E-Golf, uma versão 100% elétrica que será importada da Alemanha. Junto com ele, a Volks também traz um modelo híbrido do Golf, o GTE, de alto desempenho, com motores elétrico e turbo a gasolina. A ideia da montadora é ser a primeira marca a oferecer um carro totalmente elétrico ao consumidor brasileiro. Junto com a apresentação dos carros, serão promovidas ações de marketing incentivando o uso dos carros elétricos e híbridos no país.
A japonesa Toyota, que em 2017 alcançou o melhor desempenho em 60 anos de Brasil, com quase 200 mil unidades vendidas, quer disseminar o avanço da tecnologia híbrida com o modelo Prius. No ano passado, foram emplacadas no mercado brasileiro 2.407 unidades do modelo, um avanço de 396% em relação a 2016. Desde 2013, quando foram vendidas as primeiras unidades do Prius no Brasil, foram comercializadas 3.504 unidades.
No mundo, o número supera os seis milhões de carros vendidos. Trata-se de um verdadeiro fenômeno. A nova versão local do Prius, com motor híbrido flex e desenvolvido em parceria com as universidades de Brasília (UNB) e de São Paulo (USP), tem estreia prevista para o segundo semestre deste ano. Mas o carro continuará sendo importado do Japão.
As montadoras asiáticas estão na linha de frente desse novo mercado. A japonesa Nissan acaba de anunciar que está trazendo para o mercado brasileiro o Leaf, um dos carros elétricos mais vendidos do mundo. O modelo chegou a vir para o Brasil entre 2014 e 2016, quando cerca de 20 unidades rodaram como táxi nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
A partir 2019, a montadora japonesa informou que começam as vendas da segunda geração no mercado brasileiro. A apresentação deve acontecer no próximo Salão do Automóvel, em São Paulo. A versão com bateria mais forte, que antes rodava em torno de 200 quilômetros, passa a rodar 600 quilômetros com carga completa das baterias. Além do Brasil, a nova versão também será comercializada em vários países da América do Sul.
Na usina
Parceira da Nissan no país, a francesa Renault montou um projeto com a Usina de Itaipu, que adquiriu uma frota do Twizy, compacto para duas pessoas adaptado para fazer compartilhamento entre os funcionários da empresa de energia. Os carrinhos rodam sem chave e são acionados por meio dos crachás dos empregados dentro e fora da área da empresa.
Recentemente, a usina também adquiriu 20 unidades do modelo ZOE, um hatch compacto 100% elétrico e, que também será utilizado no projeto da Itaipu. Os dois modelos ainda não têm previsão de venda no Brasil, mas o ZOE pode se tornar o primeiro veículo elétrico da Renault com produção no país.
Todas as montadoras têm planos ambiciosos para os elétricos. “Observamos que a aceitação da tecnologia elétrica tem crescido significativamente entre os consumidores brasileiros, com avanço de tecnologia, custos e regularização”, diz Fernando Pfeiffer, gerente de marketing da Ford Brasil. “Mantemos o foco nessa tendência de mercado e testamos soluções capazes de satisfazer essas demandas.”
A Ford, que ainda não tem uma versão 100% elétrica, comercializa no mercado brasileiro o Fusion Hybrid, lançado em 2010, com sistema de propulsão que combina motor a gasolina e elétrico, alimentado por bateria de alta tensão. Segundo Pfeiffer, a montadora anunciou no ano passado a criação de uma equipe focada em desenvolver uma nova geração desses veículos. “É uma iniciativa para acelerar o processo de criação e implementação de veículos puramente elétricos”, completa o executivo.

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