Com o etanol de milho, como fica o etanol de cana?

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Fonte: Canal Online

Em relação à produção de etanol de milho no Brasil, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), principal entidade representativa do setor, comenta que o produto vem para complementar a oferta de etanol de cana, desde que a produção atenda as mesmas especificações e obrigações. Sobre o estabelecimento do índice de redução de emissões de CO2 do etanol de cana e do etanol de milho, a Unica observa ser uma tarefa que compete à Embrapa no âmbito do RenovaBio.
O programa RenovaBio irá prestigiar os combustíveis mais eficientes e que mais promovem a descarbonização. Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria, lembra que o etanol produzido no Brasil por meio da cana-de-açúcar é considerado avançado até nos Estados Unidos. Tem um balanço energético altamente positivo, de 9,1 para 1, e substitui entre 65% e 81% das emissões de CO2 da gasolina. O etanol produzido nos EUA a partir do milho, é considerado convencional, tem um balanço energético de 1,32 para 1, e substitui apenas 35% a 40% das emissões de CO2 da gasolina.
Assim, para que o etanol de milho brasileiro ser mais verde que seu primo norte-americano, é imprescindível que utilize uma energia renovável para tocar o processo.
De acordo com o pesquisador Amélio Dall’Agnol, da Embrapa Soja, oetanol, no entender dos brasileiros, se faz com cana-de-açúcar, muito mais eficiente e mais defensável desde uma perspectiva social e econômica. “Um hectare de cana produz cerca de 80 toneladas no Centro-Sul do Brasil e rende 89,5 litros de etanol/t., totalizando mais de 7 mil litros de biocombustível/ha. Já o milho, embora seja mais eficiente na produção de etanol por tonelada de produto (400 litros/t), proporciona uma produção média de etanol/ha de apenas 2.240, considerando a média da produção brasileira do grão, que é de 5,55 t/há (97,71 Mta em 17,71 Mha). Mesmo considerando a excelente produtividade média do milho norte-americano (11 t/ha), a produção de etanol por área pouco ultrapassa a metade do etanolproduzido a partir da cana no Brasil”, explica.
O Pesquisador salienta que a grande vantagem do etanol feito de milho – além de gerar o DDG, farelo de milho muito valorizado no mercado – é que o grão pode ser armazenado e utilizado à medida das necessidades da indústria, o que não acontece com a cana, que precisa ser processada logo após sua colheita. Para a produção do etanolde milho não existe entressafra, podendo ser utilizado ininterruptamente ao longo de todo o ano.
Para Dall’Agnol, tudo parece indicar que o milho será cada vez mais utilizado para a produção de etanol no Brasil, principalmente na Região Centro-Oeste, onde se concentra o maior volume de produção de milho e onde os preços são mais baixos dada a maior deficiência da logística de transporte e armazenagem.
Esse cenário de crescimento da produção do etanol e milho começa a incomodar os produtores de cana e unidades sucroenergéticas, receosos da possibilidade de uma superprodução de etanol, derretendo o preço do produto. Para que isso não ocorra, é preciso que haja mercado e remuneração ao etanol de cana e ao de milho, o que torna o RenovaBio imprescindível.
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